O Ministério da Saúde confirmou a inclusão de crianças de cinco a 11 anos no Plano Nacional de Imunizações. Com isso, o país inicia nos próximos dias a vacinação desta faixa etária, estimada em pouco mais de 20 milhões de pessoas. O imunizante que será usado é da Pfizer, produzido especialmente para as crianças.
Mas quais as diferenças entre as vacinas para os pequenos e aquelas já aplicadas em quem tem mais de 12 anos? GZH elencou 10 pontos sobre o imunizante da Pfizer, levantados pela Anvisa e especialistas em saúde e vacinação. Confira.
1 - Quantidade administrada
Essa é a grande diferença entre as doses de adultos e pediátricas. O imunizante que será usado no público de cinco a 11 anos terá um terço da fórmula já aplicada no Brasil para quem tem acima de 12 anos. A vacina da Pfizer aplicada em adolescentes e adultos possui a dosagem alta, de 30 microgramas. Já a das crianças terá 10 microgramas. Sendo diferente, portanto, não poderá ser utilizado o de adultos de maneira diluída.
2 - Frascos diferentes
Para que não haja confusão nas unidades de saúde, o frasco das vacinas possui características e cores diferentes. A dos adultos e adolescentes traz a tampa roxa, e a das crianças, laranja. Além disso, o frasco da vacina dos menores comporta 10 doses, enquanto a dos maiores de 12 anos, apenas seis doses.
3 - Intervalo entre as doses
Atualmente, o público adulto tem indicação de intervalo de oito semanas para completar a chamada imunização primária, aquela que prevê duas doses. Já para os pequenos, a orientação será de oito semanas, ou dois meses, entre a primeira e a segunda aplicação. Segundo o Ministério da Saúde, a criança que completar 12 anos entre a primeira e a segunda injeção, deve manter a dose pediátrica.
4 - Dose de reforço
A Anvisa aprovou esquema de duas doses para as crianças de cinco a 11 anos, assim como é feito em países onde a vacina da Pfizer já é aplicada neste público. O mesmo ocorre para quem tem entre 12 e 17 anos. Já para as pessoas com mais de 18, uma dose de reforço é indicada após quatro meses da segunda.
5 - Registro definitivo
Tanto a vacina para quem tem mais de 12 anos quanto a pediátrica receberam registro definitivo da Anvisa. Ou seja, não será necessário para o laboratório enviar novos dados à agência reguladora.
6 - Tempo de armazenamento
O tempo de armazenamento dos imunizantes também muda. Enquanto para os mais velhos a vacina pode ficar na geladeira entre 2°C a 8°C durante apenas um mês, para os pequenos é permitido até 10 semanas, nas mesmas condições.
7 - Locais de vacinação
Assim como para os maiores, a Anvisa destaca que a vacinação das crianças deve ser iniciada somente após o treinamento completo das equipes de saúde. A aplicação das doses no público de cinco a 11 anos deve ser feita em ambiente diferente do que é usado para adultos. As salas também não devem compartilhadas para aplicação de outras vacinas.
8 - Seguranças da vacina em crianças
Muito questionada pelo presidente Jair Bolsonaro, que, inclusive, já alegou ter dúvidas se vacinará a filha Laura, de 11 anos, a segurança do imunizante da Pfizer foi assegurado em estudos. Resultados de trabalhos com aproximadamente 4 mil crianças mostraram uma eficácia de 90% do imunizante quando aplicado neste grupo.
9 - Reações adversas
Cristiano Zerbini, médico do Centro Paulista de Investigação Clínica e Serviços Médicos (Cepic) e coordenador dos testes da vacina da Pfizer no Brasil, afirma que "o benefício é milhares de vezes maior que o custo".
— Temos que vacinar as crianças. É importante, muito importante. A vacina é segura. É eficaz. Não há por que temer efeitos adversos. Os efeitos nas crianças são os mesmos que em adultos: dor no braço, fadiga. Isso pode ocorrer nos sete primeiros dias após a aplicação, mas depois passa.
10 - Benefícios de imunizar os pequenos
Para além de evitar casos de internação por covid, a vacina evita a síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica (SIM-P), uma doença rara que surge na esteira do vírus, lembra o médico Juarez Cunha, membro do Comitê de Infectologia da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul e presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
— No Brasil, tivemos mais de 2,5 mil óbitos de crianças e adolescentes por covid durante toda a pandemia, sendo 1,4 mil só em 2021. Foram mais de 20 mil internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em crianças. Se há uma ferramenta efetiva e segura, temos que oferecer. Ao vacinar crianças, protejo elas, as famílias e as escolas — alertou Cunha.