O fim do estoque de um tipo de insulina análoga de ação rápida, chamada Apidra (Glulisina / Sanofi), afeta 5,5 mil pacientes com diabetes cadastrados para receber o medicamento no Rio Grande do Sul. Este tipo de insulina é encaminhado pelo Ministério da Saúde, diferente da chamada de absorção lenta, que é comprada pelo governo do Estado e está com lotes disponíveis.
De acordo com a presidente da Associação de Apoio aos Diabéticos do Rio Grande do Sul (AADIRS), Gabriela Feiden, o médico que acompanha cada paciente recomenda qual o tipo de insulina mais adequado e calcula a dose individual. Segundo ela, a diferença entre a insulina rápida, que está em falta, e a regular é o tempo de espera para poder se alimentar e a duração da ação no corpo. Enquanto a insulina rápida permite que a pessoa coma após 15 minutos e age por três horas no organismo, a regular necessita de ao menos 30 minutos de espera para comer e dura de quatro a cinco horas no corpo. Como cada pessoa tem um cálculo e uma adaptação, não é possível misturar os tipos durante o período sem estoque.
- Isso afeta principalmente as crianças, porque, sem a dose correta, os pais não conseguem saber a hora que o filho pode se alimentar. Isso oferece risco de hipoglicemia, que é uma baixa no nível de glicose - explica Gabriela.
A artesã Tais Helena dos Santos, 42 anos, tem diabetes há 35 anos e mora em Porto Alegre. Usuária da insulina de rápida absorção, ela conta que não conseguiu retirar o tipo Apidra na farmácia popular neste mês. Segundo Tais, a falta do medicamento é recorrente. A solução é recorrer a doações ou assumir o gasto extra para não ficar sem.
- No ano passado, faltou de maio até a agosto, mais ou menos (...). Por cima, foi uns R$ 300 que gastei, porque cada caneta custa R$ 50 e eu uso mais de uma por mês. Desta vez, eu recorri a doações, mas se não chegar não sei até quando vai durar.
A Secretaria Estadual de Saúde afirmou que encaminhou todas as programações e complementações dentro dos prazos estabelecidos, mas que o envio do medicamento pelo governo federal está ocorrendo "de forma parcelada e inconstante desde junho de 2021". A pasta também disse que os quantitativos enviados não são suficientes para cobertura total da rede para atendimento do trimestre.
Houve entrega no dia 13 de janeiro no almoxarifado central de medicamentos no Estado, em Porto Alegre, mas em quantidade insuficiente para um mês de cobertura. Para o interior e Região Metropolitana, a secretaria começou no dia 14 a emissão de remessas do medicamento.
A reportagem de GZH entrou em contato com o Ministério da Saúde, que afirmou que existe um novo contrato com a empresa Novo Nordisk (que produz a insulina também de absorção rápida Novorapid / Asparte). No entanto, a pasta ainda não confirmou a data de normalização da distribuição.