Os alemães estarão "vacinados, curados ou mortos" no final do inverno (no hemisfério norte) devido ao aumento do número de contaminações por covid-19, alertou nesta segunda-feira (22) o ministro da Saúde, Jens Spahn, enquanto a chanceler Angela Merkel falou de uma situação "dramática".
— Provavelmente no final do inverno, como às vezes se diz com cinismo, quase todos estarão vacinados, curados ou mortos" devido à propagação da variante delta "muito, muito contagiosa" — afirmou Jens Spahn.
Ele apelou mais uma vez aos alemães a se vacinarem "com urgência", pois o índice nacional de pessoas que receberam as doses continua inferior à observada em muitos outros países europeus.
A Alemanha, especialmente as regiões do sul e do leste, é duramente atingida por uma nova onda de contaminações que especialistas e políticos atribuem a uma taxa de vacinação (68%) que está entre as mais baixas da Europa Ocidental.
Diante do avanço do vírus, que já matou mais de 99 mil pessoas no país desde seu surgimento, Angela Merkel e seu provável sucessor Olaf Scholz decidiram na semana passada aumentar as restrições para os não vacinados.
Mas a chanceler advertiu nesta segunda-feira que as medidas atualmente em vigor na Alemanha "não são mais suficientes" diante da "dramática situação" causada pela covid-19.
A situação de saúde "será pior do que qualquer coisa que vimos" até agora, alertou durante uma reunião com membros de seu partido conservador CDU, de acordo com uma fonte consultada pela AFP.
— Atualmente temos uma quarta onda, temos uma situação muito, muito difícil em muitos hospitais na Alemanha — disse Spahn em entrevista coletiva.
— Estamos vendo essa onda se espalhando gradativamente para o oeste — acrescentou ele em um momento em que os serviços de terapia intensiva estão atingindo a saturação, principalmente por falta de pessoal.
Isso já está causando "sobrecarga aguda" dos hospitais de algumas regiões, tornando necessária a transferência de pacientes, alertou Gernot Marx, presidente da Federação Alemã de Medicina Intensiva.
Nos últimos dias, a Alemanha registrou um número sem paralelo de contaminações desde o início da pandemia, ultrapassando 65.000 na semana passada em 24 horas. Nesta segunda, a taxa de incidência de sete dias era de 386,5, um recorde.
Um debate começou a respeito da vacinação obrigatória para todos, como anunciada na vizinha Áustria para fevereiro.
O porta-voz do governo de Angela Merkel declarou que "entende" o início do debate, mas que "uma decisão não foi tomada e não será tomada por este governo".
A coalizão do provável futuro chanceler Olaf Scholz entre SPD, Verdes e Liberais descartou até agora tal medida para todos, enquanto os dirigentes das regiões apelaram à obrigação de vacinação para os profissionais da saúde em hospitais e instituições para idosos.