A Áustria se tornou na sexta-feira, 19, o primeiro país da Europa a determinar a obrigatoriedade da vacina para toda a população adulta até 1º de fevereiro. Detalhes de como a medida será imposta não foram divulgados. O governo austríaco também decretou um lockdown nacional de dez dias a partir de segunda-feira. O anúncio enfureceu os setores céticos da sociedade, que prometem protestar no fim de semana.
Herbert Kickl, líder do Partido da Liberdade (FPÖ), de extrema direita, o terceiro maior do Parlamento, postou uma foto no Facebook com a legenda: "A partir de hoje a Áustria é uma ditadura". Simpatizantes do FPÖ marcaram um protesto para hoje, mas Kickl não poderá comparecer, porque testou positivo para covid.
"É hora de enfrentarmos a realidade", disse o chanceler austríaco, Alexander Schallenberg, um conservador moderado, ao anunciar o novo lockdown de três semanas. "O consenso político na Áustria é que a vacinação não deve ser obrigatória. Também acredito que as pessoas devam ser persuadidas a se vacinar. Mas, apesar das campanhas, elas ainda não se vacinaram."
Cerca de 25% dos austríacos ainda não foram totalmente vacinados, número que está empacado no mesmo patamar há algum tempo. Até o momento, apenas Indonésia, Micronésia, Turcomenistão e Tajiquistão tornaram a vacinação obrigatória.
O ministro da Saúde, Wolfgang Mückstein, disse que o anúncio foi o primeiro passo para a elaboração de uma lei que tornar a obrigatoriedade oficial nas próximas semanas. Segundo ele, o governo está confiante de que uma legislação pode ser elaborada dentro dos limites da Constituição, citando a obrigatoriedade da vacinação contra a varíola, em 1948.
IMUNIZAÇÃO
A medida anunciada pela Áustria é um alerta sobre para a quarta onda do vírus, mas também mostra que os governos, cada vez mais desesperados, estão perdendo a paciência com os céticos da vacina e adotando medidas cada vez mais duras para promover a imunização.
Alguns países europeus enfrentam seus piores níveis de infecções desde o início da pandemia e avaliam apertar o cerco sanitário para conter a quarta onda. Bélgica, Alemanha e Noruega estão entre os que já anunciaram novas medidas restritivas. Na quinta-feira, a Europa registrou uma média móvel nos últimos sete dias de 310 mil casos diários confirmados, segundo a plataforma Our World in Data, vinculada à Universidade Oxford. É o pior número desde o início da pandemia.
Os casos mais graves são de regiões da Alemanha, como a Saxônia, reduto do partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD), dominado por céticos da vacinação e manifestantes antilockdown. O número de novos casos no Estado aumentou 14 vezes no mês passado. Em Berlim, o governo de Angela Merkel já mobilizou aviões da Força Aérea para transportar pacientes de áreas mais afetadas para regiões com mais leitos hospitalares. "Muitas das medidas não teriam sido necessárias se mais pessoas fossem vacinadas. E não é tarde demais para ser vacinado agora", disse Merkel. (com agências internacionais)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.