A orientação da Secretaria Estadual da Saúde (SES) e do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Rio Grande do Sul (Cosems/RS) é para que prossiga a vacinação dos adolescentes gaúchos de 17 anos sem comorbidades. Nota conjunta divulgada no início da tarde desta sexta-feira (17), assinada, respectivamente, pela secretária Arita Bergmann e pelo presidente Maicon de Barros Lemos, informa que “a expansão para as demais faixas etárias de adolescentes dependerá da chegada de novas doses, sendo sua distribuição avaliada oportunamente”.
A próxima reunião da Comissão Intergestores Bipartite (CIB), de que participam a SES e as administrações locais, deve ser realizada na semana que vem. A continuidade da vacinação desse grupo dependerá do envio, por parte do Ministério da Saúde, de doses da Pfizer — único imunizante autorizado para aplicação em quem tem entre 12 e 17 anos — específicas para primeira aplicação, e desse total será separada uma parte para contemplar os jovens. Ou seja, as prefeituras não vão realocar doses do imunizante enviadas para a segunda dose de adultos, por exemplo.
— Estamos na expectativa de que o ministério reveja o seu posicionamento. A reação foi muito negativa a nível nacional — avaliou Lemos em entrevista a GZH.
O documento também informa que está garantida a segunda dose para adolescentes que já receberam a primeira. O Estado deu início à imunização dos menores de 18 anos sem comorbidades em 15 de setembro, conforme orientação então vigente do ministério, que na quinta-feira (16) comunicou a suspensão da imunização desse público. A medida intempestiva provocou confusão pelo país, paralisou a aplicação em diversas localidades e gerou dúvidas em famílias com filhos já contemplados com a vacina ou prestes a recebê-la.
Até agora, 76,6 mil doses de Pfizer foram distribuídas pelo governo estadual para adolescentes — quantitativo que corresponde, conforme as autoridades, a 50% da população com 17 anos.
Há cidades que já ampliaram as faixas etárias aptas a receber a primeira dose, como Porto Alegre, que nesta sexta segue vacinando os de 15 anos, e Restinga Seca, na Região Central, que convocou também os de 16 anos. Canoas, na Região Metropolitana, teve grande procura pela vacina para 17 anos e precisou interromper a aplicação por falta de doses.
Lemos disse que o número de cidades que resolveram suspender a vacinação por conta da orientação do governo federal “não é expressivo” e ressaltou a segurança do imunizante da Pfizer, na tentativa de dirimir dúvidas e tranquilizar pais e mães preocupados.
— O mais importante disso tudo é o parecer da Anvisa. Não há contraindicação no uso dessa vacina. É importante que as famílias e os adolescentes vacinados não fiquem inseguros com as doses aplicadas. Não há motivo para tal porque há uma agência reguladora que certifica as vacinas usadas no país. E há outros países usando também — destacou o presidente do Cosems/RS. — Estamos, sim favoráveis — frisou.
O presidente do Cosems/RS, também secretário de Saúde de Canoas, falou ainda sobre a importância da proteção conferida pela vacina para os adolescentes:
— Eles se deslocam muito. Podem ser um vetor, podem estar assintomáticos e visitar um avó, uma avó, um tio. É um público estratégico do ponto de vista epidemiológico, embora possa ter menor acometimento como doente.
Confira como está a vacinação de adolescentes em outras cidades
- Em Novo Hamburgo, a partir deste sábado (18), será iniciada a vacinação dos adolescentes com mais de 17 anos, no dia D de Vacinação, em todas as unidades de saúde, das 9h às 15h. O município conta com 27 mil doses de Pfizer disponíveis para todos os grupos.
- Em Estância Velha e Campo Bom, a vacinação para esse público segue suspensa. Segundo a assessoria de comunicação da prefeitura de Campo Bom, será feita uma reunião nesta sexta para decidir se a vacinação para 17 anos será iniciada.
- Sapiranga iniciou a vacinação para os adolescentes na quinta-feira (16), aplicando 1.137 doses, mas interrompeu a imunização nesta sexta.
- Viamão e Alvorada seguem vacinando jovens com 17 anos.
- No sul do Estado, Arroio Grande, Chuí, Capão do Leão, Jaguarão e São Lourenço estão imunizando o público de 17 anos.
- Em São Sepé, a imunização é oferecida para adolescentes de 17 anos.
- Santa Maria divulgará na próxima semana o cronograma de vacinação para esse público.
* Colaborou Larissa Fraga
Confira a íntegra da nota da SES e do Cosems/RS
Porto Alegre, 17 de setembro de 2021
Comunicado conjunto Secretaria da Saúde RS e COSEMS
Assunto: Nota Informativa da SES e Cosems/RS sobre suspensão da vacinação dos adolescentes
Prezados (as),
Considerando as evidências e manifestações de órgãos como Anvisa, Organização Mundial da Saúde (OMS) e Sociedade Brasileira de Imunizações, a Secretaria da Saúde do Estado do Rio Grande do Sul (SES) e o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems/RS) manifestam-se diante da Nota Técnica nº 1051/2021 CGPNI/DEIDT/SVS/MS, que revisa e suspende a vacinação de adolescentes:
1) O Estado do Rio Grande do Sul, conforme CIB 314/21 e Nota do MS nº 36/2001, iniciou a vacinação de adolescentes no período oportuno, dia 15 de setembro, cumprindo as normas vigentes;
2) Nesta data, foram distribuídas 296.010 doses, sendo 76.600 para adolescentes, contemplando, simultaneamente, a continuidade dos vacináveis acima de 18 anos e doses de reforço para idosos e pessoas com alto grau de imunossupressão;
3) As 76.600 doses correspondem a 50% do público de adolescentes na faixa etária de 17 anos;
4) A orientação SES e COSEMS é de que cumpra-se a totalidade do público de 17 anos com a chegada de doses 1 da Pfizer, a única a ser utilizada o grupo;
5) A expansão para as demais faixas etárias de adolescentes dependerá da chegada de novas doses, sendo sua distribuição avaliada oportunamente;
6) Esclarecemos que serão garantidas, no tempo oportuno, o envio das segundas doses aos adolescentes que já receberam a dose 1.
Em relação às demais estratégias de vacinação, temos como posição o que se segue:
· Atingir a integralidade dos municípios que ainda necessitam de doses para completar a vacinação de 18 anos ou mais;
· Avançar com a dose de reforço aos idosos com mais de 70 anos, observando o intervalo de seis meses após segunda dose;
· Aumentar a cobertura vacinal, com a aplicação da D2 a todos os vacinados com D1. Por fim, consideramos importante, garantidas as estratégias anteriormente citadas, continuar avançando na proteção da saúde dos adolescentes gaúchos, conforme disponibilidade de doses. Ficamos à disposição para o que se fizer necessário.
Maicon de Barros Lemos
Presidente Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Rio Grande do Sul
Arita Bergmann
Secretária Estadual da Saúde Governo Estadual do Rio Grande do Sul