O Rio Grande do Sul deverá oferecer uma dose de reforço da vacina contra o coronavírus, a partir de setembro, a cerca de 1 milhão de idosos acima de 70 anos e a pessoas com problemas de imunidade, conforme estimativa da Secretaria Estadual da Saúde (SES).
A projeção foi divulgada pelo governo estadual, na manhã desta quinta-feira (26), durante apresentação do balanço das imunizações no Estado realizadas até a véspera – prazo em que o Piratini pretendia atender toda a população adulta com pelo menos uma aplicação. A cobertura chegou a 86% da meta na data prevista, mas a SES e as prefeituras seguirão buscando ampliar esse percentual por meio de iniciativas como busca ativa de quem não compareceu a uma unidade de saúde.
Os próximos passos da campanha de combate à pandemia vão incluir ainda a imunização de todos os adolescentes de 12 a 17 anos, até agora contemplados somente em caso de comorbidades. A secretária adjunta da Saúde, Ana Costa, não informou a estimativa de pessoas a serem incluídas nessa nova etapa e disse que o governo aguarda informações mais detalhadas do Ministério da Saúde. Segundo a mais recente projeção de população elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há 836,4 mil pessoas nessa faixa etária no Estado.
Um dos obstáculos ao avanço mais rápido do processo de imunização é a recente redução no tamanho das remessas de imunizantes encaminhadas pelo governo federal ao Rio Grande do Sul. Conforme o governador Eduardo Leite, até o envio realizado em 20 de julho, os gaúchos costumavam contar com cerca de 6% do volume disponível em cada entrega para todo o país.
Depois disso, a proporção recuou para cerca de 4%. O Ministério da Saúde alega que passou a priorizar Estados com índices mais baixos de imunização para “equiparar a cobertura vacinal” no Brasil.
– Entre o que esperávamos e o que se efetivou, recebemos cerca de 500 mil doses a menos desde 20 de julho. Mesmo assim, contamos com o empenho das equipes de saúde dos municípios para que pudéssemos avançar – observou Leite.
O governador esclareceu que as doses em estoque no momento estão previstas para garantir a segunda aplicação de quem já recebeu a primeira injeção. Assim, a oferta de reforço para cerca de 1 milhão de gaúchos acima de 70 anos e imunossuprimidos (com o sistema imunológico afetado por questões como transplante de órgão), prevista para ocorrer a partir de 15 de setembro em nível nacional, dependerá da frequência e da dimensão dos novos envios de imunizantes.
Leite classificou como positiva a proporção de 86% da população adulta beneficiada com pelo menos uma dose de vacina contra a covid e a cifra de 412 cidades (o equivalente a 83% dos municípios) que estavam atendendo a faixa etária dos 18 anos até a quarta-feira (25). Mas admitiu que é preciso seguir avançando para barrar ao máximo a contaminação pelo coronavírus, e lamentou as dificuldades provocadas pela “politização” do uso dos imunizantes.
– Infelizmente, a vacinação no Brasil foi politizada. Houve questionamentos feitos pelo próprio presidente da República, ataques da sua militância à vacina, que em nada atendem ao interesse público. Ainda há focos de resistência, aqueles que, mesmo com clara demonstração do acerto da vacinação, continuam atacando a vacina – afirmou o governador.
Leite avaliou, apesar disso, como positivo o atingimento de pelo menos 86% da meta. Como costuma haver um atraso na notificação, esse percentual na prática pode ser maior:
– A boa notícia é que ficamos próximos da meta. É um percentual expressivo que se aproxima das melhores prescrições para imunização da população.
Segundo a secretária adjunta da SES, Ana Costa, o Estado seguirá vacinando a população acima de 18 anos nos próximos dias e buscando estratégias para ampliar a cobertura, como a busca ativa de quem não se imunizou. Nesses casos, equipes de saúde tentam identificar e entrar em contato com quem deixou de se engajar na campanha de enfrentamento ao coronavírus.