O presidente da Associação dos Servidores do Grupo Hospitalar Conceição (GHC) e diretor do SindiSaúde/RS, Arlindo Ritter, responsabilizou a gestão do Hospital Nossa Senhora da Conceição pelo surto de covid-19 registrado no local. Conforme ele, houve negligência da direção da entidade no combate ao surto de coronavírus, que matou três pessoas que estavam internadas em áreas consideradas "limpas" — locais que não recebem pacientes com covid-19 — e contaminou 59 entre funcionários e pacientes.
Em entrevista a GZH nesta terça-feira (10), Ritter disse que o hospital não levou em consideração os riscos da variante Delta ao permitir a retomada de visitas, presença de acompanhantes e realização de cirurgias eletivas. A direção do Hospital Conceição negou que tenha negligenciado a ameaça da nova cepa, e garantiu estar adotando todos os protocolos possíveis para evitar o surto.
— Medidas restritivas foram flexibilizadas, deveriam continuar. Já tinha vindo no Rio de Janeiro o anúncio da (variante) Delta, para que todos ficasse atentos. Não para abrir para visitação, abrir para cirurgias eletivas amplamente, todo bloco. É questão de gestão. É um desastre no nosso ponto de vista — disse Ritter.
Ele falou ainda que os funcionários estão "muito preocupados" devido ao surto e que a associação está lutando para que seja realizado o rastreamento dos trabalhadores infectados e a ampliação dos testes para detectar covid-19.
— Todos tomaram a vacina, as duas doses, mas não tem garantia que não se contaminem. É uma preocupação enorme.
Direção do GHC diz que não houve negligência
A gestão do Grupo Hospitalar Conceição reconheceu que o surto ainda não está controlado, e frisou que os procedimentos eletivos e as visitas foram suspensos na última sexta-feira (6) em função dos incidentes. “A situação não está controlada, tanto que suspendemos as visitas e os procedimentos. Em momento algum tratamos como controlada a situação. Seguimos adotando medidas de controle do surto”.
Conforme o hospital, desde que a disseminação de casos foi identificada, no último dia 4, além da interrupção das atividades, as secretarias de saúde de Porto Alegre e do Estado foram informadas sobre a situação. O hospital afirmou ainda que, em nenhum momento, antecipou-se para realizar cirurgias eletivas e permitir visitas. "Não houve negligência em momento algum, todos hospitais de Porto Alegre participam de reuniões semanais com o Município e estávamos com números baixos de procura na emergência para a Covid", informou o hospital em nota.
Questionado sobre o acompanhamento de funcionários e pacientes infectados em função do surto na área limpa, o hospital destacou que “o rastreio do surto foi feito, sim. Em todos contatos. Os profissionais de saúde que estão sintomáticos sabem o protocolo e podem procurar a tenda de testagem dos empregados e fazer o teste”.
Sobre as críticas de cunho político, a direção optou por se resguardar, afirmando apenas que não entraria na discussão. “Em respeito às famílias e aos pacientes, não vamos entrar em discussão política com aqueles que deveriam ajudar a combater a pandemia e não criar narrativas. Enquanto diretoria já temos serviço prestado na pandemia. Estamos combatendo o vírus. O principal propósito da Diretoria é prestar a melhor assistência a população, tomando todos os cuidados, e em todas oportunidades, orientamos que se deve atentar para uso de máscara, higiene das mãos e evitar aglomerações."