Uma mutação da variante Gama do coronavírus está atraindo os olhares de autoridades de saúde no Brasil. Um estudo nacional identificou uma alteração de aminoácido da cepa brasileira, conhecida como Gama (antiga P.1, de Manaus), o que deixa o vírus mais transmissível. Com a alteração estrutural, especialistas já começam a tratar a mudança no genoma como Gama Plus.
A alteração havia sido encontrada isoladamente em pessoas infectadas pela covid-19 no Estado do Amazonas em maio deste ano. Entretanto, a pesquisa feita pela Dasa constatou que outras regiões do país começaram a diagnosticar pessoas infectadas com a variante Gama e a mutação, o que pode significar um avanço do vírus.
— Essa mutação ocorre no genoma do vírus. O aminoácido prolina é substituído por outro, a histidina. A gente já tinha visto nas variantes Alfa e Delta. Na Gama, só tínhamos casos no Amazonas. Mas, agora, eles apareceram em mais locais — destacou o virologista da rede de saúde Dasa José Eduardo Levi, que é coordenador do projeto de vigilância por sequenciamento amostral do Sars-CoV-2 chamado Genov, da empresa.
O relatório feito pelo Genov analisou 1.380 amostras de todas as regiões do país entre maio e junho deste ano. Do total, 11 amostras apresentaram a mutação que agora é chamada de Gama Plus: cinco são de Goiás, duas do Tocantins, uma do Mato Grosso, uma do Ceará, uma de Santa Catarina e uma do Paraná.
Ainda conforme Levi, as variantes Delta Plus, sobre a qual também já surgem referências, e Gama Plus não devem ser confundidas, pois a principal semelhança é maior capacidade de transmissão e de infecção, já que elas atingem um número maior de células. Apesar disso, os especialistas ainda não têm dados suficientes para apontar se a letalidade da mutação nos genomas de cepas é maior ou menor.
— Ela faz com que o vírus entre mais rápido dentro da célula, por isso é chamada de Plus. Apesar de tudo, não é motivo para pânico. Precisamos ficar de olho e ter essa vigilância genômica — destacou Levi.