A CoronaVac tem alta efetividade contra mortes por covid-19 mesmo entre idosos e em locais em que a variante Gama (P.1) é predominante, indica estudo que analisou dados de pacientes com 70 anos ou mais. Nesse grupo, a proteção do imunizante contra óbitos foi de 71,4%. A pesquisa também sugere que a efetividade da CoronaVac pode cair entre os idosos com 80 anos ou mais - esses dados, no entanto, são preliminares.
O estudo é do grupo Vebra Covid-19, que reúne pesquisadores brasileiros e estrangeiros de instituições como Fiocruz, Incor e Instituto Global de Saúde de Barcelona para avaliar a efetividade das vacinas em uso no Brasil. Ele foi publicado na plataforma MedRxiv na quarta (21) e ainda está na fase pré-print - não foi revisado por pares.
Segundo o estudo, com 43 mil pessoas em São Paulo, embora a proteção média nesse grupo populacional seja de 71,4% contra mortes, ela varia de 87,1% (no grupo de 75 a 79 anos) a 49,9% (80 anos ou mais). Os índices referem-se a pessoas já imunizadas há mais de 14 dias com a segunda dose da vacina.
Esse dado, embora sugira queda de proteção com a idade, não tem precisão e não deve gerar pânico nem ser usado como argumento para a defesa de revacinação, explicou ao Estadão um dos autores do estudo, o infectologista Julio Croda, da Fiocruz.
— Até 79 anos, a efetividade da vacina foi excelente. A queda ocorreu a partir dos 80 anos, em uma população que já responde mal a qualquer vacina. Podemos afirmar que a queda de efetividade mostra uma tendência, mas não podemos ser categóricos que esse índice é o correto porque os números não têm poder estatístico.
Outros especialistas destacam que a queda de proteção entre idosos mais velhos é esperada e não justifica dose de reforço nesse público hoje.
— O importante agora é vacinar toda a população com ao menos uma dose — diz Rosana Richtmann, da Sociedade Brasileira de Infectologia.
Questionado sobre a efetividade da CoronaVac em idosos e a possibilidade de dose de reforço, o Ministério da Saúde disse que "não há evidência científica" que confirme a necessidade de dose adicional. O Instituto Butantan não comentou.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.