Com base em casos ocorridos nos Estados Unidos, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu um comunicado nesta sexta-feira (9) sobre o risco de complicações cardíacas após vacinação contra a covid-19. De acordo com o documento, o país da América do Norte relatou eventos de miocardite e de pericardite relacionados aos imunizantes de plataforma de RNA mensageiro (RNAm), como o da Pfizer e o da Moderna. Não há casos no Brasil.
A miocardite e a pericardite são inflamações, sendo a primeira no músculo cardíaco e a segunda no revestimento externo do coração. Nos dois casos, o sistema imunológico causa uma inflamação em resposta a uma infecção ou a algum outro fator. Dor no peito, falta de ar, palpitações ou alterações de batimentos cardíacos podem estar entre os sintomas de ambas condições.
Segundo a publicação da Anvisa, a análise da agência reguladora norte-americana (FDA, na sigla em inglês) indicou que há riscos aumentados para casos do tipo, principalmente após a aplicação da segunda dose dos imunizantes, com sintomas surgindo alguns dias após a vacinação. Os eventos adversos foram identificados especialmente em adolescentes acima de 16 anos e adultos jovens, em sua maioria do sexo masculino.
O texto destaca ainda que a gravidade dos casos pode variar e que grande parte das pessoas que apresentaram a complicação nos Estados Unidos e procurou atendimento médico respondeu bem ao tratamento aplicado. Além disso, salienta que o risco de ocorrência desses eventos adversos é baixo.
Entretanto, a agência recomenda que vacinados com o imunizante da Pfizer que tiverem sintomas relacionados à miocardite ou à pericardite devem procurar atendimento médico imediato, pois o diagnóstico e o tratamento precoce são fundamentais para uma melhor evolução clínica dos pacientes.
A Anvisa ressaltou que até o momento não recebeu relatos de casos do tipo e que, das duas vacinas, somente a Pfizer está registrada para uso no Brasil, por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde. Por isso, também reforçou a importância da continuidade da vacinação com o produto, dentro das indicações descritas em bula, considerando que “os benefícios superam os riscos”.
O que diz a OMS
Após revisar as informações disponíveis até o momento, especialistas do Comitê Consultivo Mundial da Organização Mundial da Saúde sobre Segurança de Vacinas concluíram que as evidências sugerem uma "provável relação causal entre a miocardite e as vacinas de RNA mensageiro". No entanto, observaram que "os benefícios das vacinas de RNA mensageiro superam os riscos na redução de hospitalizações e mortes por covid-19".
Os profissionais afirmaram ainda que os dados disponíveis indicam que o curso imediato da miocardite e pericardite após a vacinação é geralmente leve e responsivo ao tratamento. Além disso, disseram que "um acompanhamento está em andamento para determinar os efeitos de longo prazo e atualizar as recomendações".