Algumas cidades do interior do Estado avançam a passos largos na campanha de vacinação contra a covid-19 e já imunizam grupos etários de forma mais adiantada do que prevê o calendário do governo do Estado. Enquanto a Capital começa a imunizar a partir de 46 anos nesta quarta-feira (30), pessoas na faixa dos 39 aos 35 anos, que de acordo com o planejamento do Piratini receberiam a primeira dose na primeira quinzena de agosto, já estão sendo incluídas em diversos municípios, conforme levantamento de GZH junto a prefeituras. O plano do governo estadual é vacinar até 20 de setembro toda a população gaúcha acima dos 18 anos com pelo menos uma dose.
Desde 12 de junho, a cidade de Candiota, na Campanha, começou a imunizar pessoas a partir dos 35 anos e que não fazem parte do grupo prioritário. Segundo o secretário de Saúde do município, Fabrício Moraes, quase 600 doses foram aplicadas nos moradores da zona urbana e da área rural da localidade. Ele pontua ainda que para chegar a essa faixa etária da população geral, nenhum outro grupo prioritário ficou sem o imunizante:
— Assim que finalizamos os prioritários, abrimos de uma só vez dos 59 até os 35 anos. Isso nos ajudou ficar um pouco adiantados. Mas, para avançar ainda mais, precisamos de mais vacinas para finalmente finalizar esse grupo. Antigamente, chegavam a vir dois lotes de, aproximadamente, 290 doses. Dessa vez, só veio uma remessa de 244 ampolas.
Moraes afirma ainda que a logística agilizada da pasta é outro ponto positivo para a celeridade na imunização.
— O trabalho da nossa equipe é muito ágil e eficaz, nos esforçamos para que o maior número de pessoas seja imunizado em um só dia. Quando chegamos com as doses, em Candiota, às 22h, no outro dia, às 8h, já estamos vacinando a nossa população. Aqui as vacinas não ficam nem 12 horas paradas — ressalta.
Atualmente, 60% de toda população da localidade recebeu a primeira dose da vacina contra a covid-19.
Os que têm 38 anos ou mais, fora dos grupos prioritários, são imunizados desde sábado (26) em Parobé, no Vale do Paranhana. Diego Dal Piva, prefeito do município, afirma que a rapidez logística e o avanço calculado dão sustentação ao processo de vacinação:
— Quando a vacina chega, a gente aplica. Sábado passado, por exemplo, tínhamos 1,5 mil doses. Estávamos com idade de 40 para mais, ficamos até meio-dia e não veio mais ninguém, aí entendemos que não teria mais gente com interesse. Sobraram 550 vacinas, fizemos um cálculo, com base no Censo, e baixamos para 38 anos.
Ele conta ainda que essa idade será mantida quando chegarem novas doses. Só haverá mudança no plano caso eles percebam que a procura esteja baixa.
— Se percebermos que terminou o movimento de pessoas com 38 anos, baixamos. Infelizmente, muita gente não vem se vacinar, temos que fazer a busca ativa para a segunda dose, inclusive — relata Dal Piva.
Em Taquara, também no Vale do Paranhana, a vacinação para 39 anos ou mais começou nesta terça-feira (29). A imunização começou ao meio-dia, mas, às 11h, o diretor comercial Felipe Arthur Flesch, 39 anos, já estava na fila - encarando frio - para receber sua dose:
— Eu não estava esperando que chegasse a minha vez, assim, tão rápido, por mais que a vacinação esteja adiantada na cidade. Fiquei sabendo por amigos e familiares que era chegada a hora e fui. O processo foi todo muito bem organizado pela prefeitura, não há ressalvas. Agora é esperar a segunda dose, sempre mantendo os cuidados e consciência de que a gente precisa cuidar um do outro, usar máscara por nós e pelos outros para que possamos sair dessa.
Flesch pegou uma das 1,3 mil doses de CoronaVac e da Pfizer que foram aplicadas nesta terça, segundo a Secretaria de Saúde municipal.
Ana Maria Rodrigues, responsável pela pasta, explica que, desde o início da imunização contra a covid-19 em pessoas fora dos grupos prioritários, foi possibilitado que qualquer morador com a idade mínima para a etapa de imunização pudesse receber a injeção.
— Entendemos que não categorizando conseguimos atingir uma parcela maior da população e, assim, alcançar a imunidade de rebanho. Além disso, muitas pessoas viajaram, fizeram a primeira dose em outros municípios e se vacinaram antes, mas temos visto muitos idosos, agora — diz Ana Maria.
Em Bagé, na Campanha, também, desde sábado, são vacinadas pessoas a partir dos 39 anos e a expectativa é baixar ainda mais a faixa etária nesta semana. O prefeito Divaldo Lara credita a celeridade à decisão de colocar a população carcerária no fim da fila:
— A decisão se deu justamente por informações técnicas, como por exemplo o fato de não termos foco de contaminação no presídio, os agentes estão vacinados, e nesse período todo, não tivemos óbito de apenado.
Com isso, as cerca de 1,6 mil doses que seriam destinadas a esse público foram remanejadas para a população em geral.
— Por isso, além de avançarmos na vacinação, também conseguimos fazer com que o município quebrasse essa terceira onda de contaminação. Temos apenas quatro leitos em unidade de terapia intensiva ocupados hoje, e os leitos clínicos estão baixando cada dia mais — observa.
Lara estima que, até o fim da semana, a vacinação consiga atingir a faixa dos 35 anos ou mais. Com 73 mil doses de imunizantes aplicadas, Bagé também vai começar, ainda nesta semana, a vacinar 100% dos funcionários das plantas frigoríficas e caixas de supermercado e do comércio em geral acima dos 25 anos.
Outras localidades também avançaram na imunização dos grupos por idade. Alvorada, na região Metropolitana, está em 39 anos ou mais. Benjamin Constant do Sul, na região Norte, alcançou os 35 anos. Charrua, no Norte do Estado, chegou aos 36. Paulo Bento, na região Norte, está nos 38. Severiano de Almeida, no Norte gaúcho, chegou na casa dos 38 anos. Por fim, Nonoai, no Norte, alcançou os 37 anos.