Quando a chegada do inverno se aproxima e as baixas temperaturas começam a marcar presença, é comum que muitas pessoas tenham dificuldade para manter as extremidades do corpo aquecidas, mesmo vestindo roupas mais grossas. GZH consultou especialistas para descobrir por que isso acontece e dar dicas de como amenizar essa sensação que pode ser bastante incômoda.
De acordo com Luiz Cláudio Danzmann, médico cardiologista e professor da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), o fenômeno que faz com que as mãos e os pés fiquem mais frios é, na maioria das vezes, uma resposta natural do organismo diante da queda da temperatura externa e está relacionado à regulação do calor no corpo. Assim, quando está frio, o corpo tenta reduzir a perda da temperatura provocando uma vasoconstrição nos vasos das periferias, principalmente da pele das extremidades.
— A vasoconstrição é uma diminuição do calibre dos vasos arteriais do final da árvore arterial que resulta em uma menor circulação sanguínea nas extremidades, ocasionando um resfriamento dessas regiões — explica.
O especialista destaca que a intensidade da sensação pode variar de pessoa para pessoa, sem necessariamente indicar algum problema de saúde. Normalmente, aqueles indivíduos que têm menos massa corpórea acabam enfrentando mais dificuldade para manter a temperatura corporal ideal entre 35°C e 37°C. Essa condição também é bastante comum para os idosos:
— Eles têm menor resposta a substâncias que são vasodilatadoras e, por isso, têm maior tendência a ter as extremidades frias no inverno. Além disso, geralmente os idosos têm o metabolismo mais lento, então produzem menos calor nas reações bioquímicas do corpo.
Além de frias, as extremidades podem ficar um pouco isquêmicas — com aparência esbranquiçada — pela falta de sangue, complementa o diretor médico do Hospital Mãe de Deus (HMD), Euler Manenti. Ele salienta que esse fenômeno também pode ser provocado por um desequilíbrio interno das artérias no processo de produção de substâncias vasodilatadoras e vasoconstritoras.
Outras causas
Existem manifestações de extremidades frias que podem estar relacionadas com problemas de saúde, com hábitos como o tabagismo e até mesmo com o uso de alguns medicamentos, informam os especialistas. O fenômeno de Raynaud, por exemplo, é uma condição imunológica em que o paciente apresenta mãos e pés gelados e esbranquiçados de forma tão intensa que, às vezes, gera inclusive feridas de necrose.
Segundo Euler Manenti, a sensação ainda pode ser decorrente da covid-19 e de complicações da diabetes ou indicar determinados problemas cardíacos, especialmente aqueles ligados à falência da bomba central do coração. Além disso, medicamentos como betabloqueadores, que são utilizados para o tratamento de doenças cardíacas, diminuem o calibre dos vasos nas periferias, fazendo com que as extremidades fiquem mais frias.
O professor Luiz Cláudio Danzmann salienta que caso a sensação não esteja associada ao desconforto térmico — isto é, se as extremidades permanecerem frias mesmo quando cobertas ou em um ambiente quente — e se manifestar de maneira exacerbada e persistente, é importante procurar auxílio médico. A atenção deve ser ainda maior se a condição estiver associada a sintomas cardíacos, como respiração encurtada, falta de ar e cansaço extremo, ou provocar lesões na pele.
Dicas para amenizar a sensação
Luiz Cláudio Danzmann aponta que grande parte das residências do Rio Grande do Sul não apresenta conforto térmico durante o inverno, mas reforça que as pessoas não devem passar frio enquanto estão dentro de casa. Para isso, é preciso tentar aquecer o ambiente, seja com aquecedor ou outro tipo de equipamento.
Os médicos afirmam que a temperatura ideal do corpo também pode ser mantida com o uso de roupas quentes. É recomendado cobrir as extremidades o máximo possível, com luvas, meias grossas, bons calçados e cachecol, além de touca ou chapéu — que é um dos itens mais essenciais.
— Nós temos muita circulação de sangue no couro cabeludo, ele é uma superfície muito irrigada e, portanto, perde muito calor. Então, manter a cabeça aquecida ajuda muito a amenizar essa sensação — enfatiza Euler Manenti.
A atividade física regular é outra aliada para manter o corpo aquecido durante o inverno. Além de proporcionar aquecimento no momento da prática, ela segue produzindo energia e calor mesmo depois do término e ainda estimula a função dos vasos, fazendo com que as pessoas que se exercitam tenham menos vasoconstrição, mesmo em ambientes mais frios.
Produção: Jhully Costa