O governo do Rio Grande do Sul começou, nesta sexta-feira (11), uma rodada de cobranças diretas aos prefeitos de sete regiões do Estado para que adotem medidas mais efetivas para conter a pandemia. Passadas três semanas desde que alertas foram emitidos a essas regiões, o governo do Estado avalia que os resultados são insuficientes e que os prefeitos dessas zonas precisam imediatamente implementar medidas mais restritivas.
Nesta sexta, foi a vez de a secretária da Saúde, Arita Bergmann, se reunir com os representantes das regiões covid de Passo Fundo, Santa Rosa e Ijuí. Na próxima segunda (14), o mesmo deve ser feito com os prefeitos das regiões de Cachoeira do Sul, Erechim, Palmeira das Missões e Cruz Alta.
— Não entendemos que há necessidade de restrição maior. Estamos conscientizando a população. Tentando conscientizar. Esse trabalho surte efeito, mas não é tão imediato. O governo do Estado precisa entender que precisamos de tempo. Então, na nossa concepção, o que estamos fazendo vai ao encontro da situação da nossa região — defendeu o prefeito João Sehnem, de Boa Vista do Buricá, que preside a Associação dos Municípios da Fronteira Noroeste (Amufron), que congrega a região de Santa Rosa.
No norte do Estado, a avaliação é semelhante. O prefeito de Marau Iura Kurtz, que representa a região de Passo Fundo, diz que, na reunião, foi possível convencer a secretaria de que as medidas atuais já são satisfatórias.
— Ao final da reunião eles ficaram bem satisfeitos. Vamos fazer algumas adaptações em relação às nossas metas. Temos um observatório regional que acompanha os números da região e a gente tem identificado uma certa estabilidade. Em outros momentos, a gente registrava aumentos fora de controle. Já estamos reduzindo alguns indicadores, então nosso plano atual deu certo — disse Kurtz, presidente da Associação dos Municípios do Planalto (Ampla).
Coordenador do comitê técnico da Região 13, de Ijuí, o prefeito de Panambi, Daniel Hinnah, diz que foi apresentado ao governo do Estado um plano regional para controlar os contágios pelo coronavírus. No entanto, também foi dada autonomia aos municípios para adotarem outros medidas. Isso porque, diz ele, as cidades que integram a região são diferentes em tamanho e em número de casos:
— Temos um plano regional, mas os municípios têm outras medidas que são adequadas a cada localidade. Como são cidades muito diferentes em tamanho, fizemos um plano regional que fosse adequado a todos e cada município adotou as suas medidas restritivas. Tem município com zero caso, outro município que vive momento crítico e um que está saindo do momento crítico. Não é coerente fazer medidas iguais para todos, porque a população não aceita. Também estamos investindo na conscientização, fiscalização e testagem.
Hinnan também disse que foi solicitado ao governo do Estado ajuda para identificar a possibilidade de novas cepas estarem circulando pela região de Ijuí, que fica perto da fronteira com a Argentina:
— Precisamos do apoio do Estado para identificar se estão circulando essas novas cepas.
Como essas regiões já atingiram o nível máximo de risco do sistema 3As, se o governo do Estado avaliar que as medidas dos prefeitos são insuficientes, poderá aplicar a chamada “intervenção”. Neste caso, ao considerar a região incapaz de lidar com o agravamento da pandemia, o Palácio Piratini retoma o controle sanitário e decide as regras que precisam ser obrigatoriamente adotados na zona sob intervenção.
A secretária estadual da Saúde foi procurada para detalhar os pedidos feitos às regiões, mas não respondeu aos pedidos de entrevista de GZH até o fechamento desta reportagem.