A Secretaria Estadual da Saúde (SES) não pretende utilizar ultrafreezers — capazes de atingir temperaturas ao redor de –80°C — para armazenar o primeiro lote de vacinas da Pfizer/BioNTech a desembarcar no Rio Grande do Sul. Um carregamento inicial de 30 mil doses tem previsão de chegada entre 3 e 4 de maio. Esse imunizante se mantém conservado por mais tempo sob temperaturas mais frias do que as obtidas em freezers comuns, mas estudos recentes indicaram que pode ser estocado por períodos curtos em geladeiras menos potentes.
A chefe da Divisão de Vigilância Epidemiológica do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), Tani Ranieri, afirma que o lote deverá chegar em caixas térmicas especiais e ser acondicionado em freezers comuns de que o Estado já dispõe a uma temperatura de -20°C — nessas condições, o produto pode ser mantido por até 14 dias.
Como a intenção é despachar as vacinas contra a covid-19 o mais rapidamente possível para aplicação, isso não é considerado um problema. Nas unidades de saúde, o material da Pfizer pode ser mantido por cinco dias em geladeira comum, entre 2° e 8°C.
Como se trata de uma logística um pouco mais complexa do que a exigida por outras farmacêuticas, como Sinovac e AstraZeneca, inicialmente as doses da Pfizer serão destinadas somente para capitais, por orientação do Ministério da Saúde.
— Nós conseguimos aplicar 30 mil doses de vacina em um período muito curto, de poucos dias — afirma o diretor da Vigilância em Saúde de Porto Alegre, Fernando Ritter.
Segundo a Secretaria Estadual da Saúde, "o governo do Estado prevê que novos lotes de vacina da Pfizer devem chegar ao Rio Grande do Sul no segundo semestre".
Apesar de a logística desenhada até o momento não prever o uso de ultrafreezers, por garantia, Ritter entrou em contato com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) para se certificar de que a instituição poderia emprestar esse tipo de equipamento, caso necessário. A UFRGS dispõe de 25 freezers desse tipo, com capacidade para 550 litros cada. Combinados podem guardar cerca de 4 milhões de doses.
— Ainda estamos desenhando qual seria a logística para o recebimento de futuras doses porque dependemos de informações como frequência e quantidade das remessas. Se for preciso, entraremos em contato com as universidades. Além disso, temos informações de que o Ministério da Saúde vai encaminhar algo em torno de cinco ultrafreezers para o Rio Grande do Sul — afirma Tani Ranieri.
A remessa dos aparelhos pelo governo federal ainda não tem data confirmada. Sete universidades gaúchas consultadas por GZH (UFRGS, UFCSPA, Unipampa, UFSM, Unisinos, UFPel e Feevale) informaram que têm equipamentos desse tipo à disposição do governo estadual para armazenar doses de vacinas, se for necessário.
Colaborou: Jhully Costa