No Rio Grande do Sul, a reserva de vacinas contra a covid-19 para aplicação da segunda dose está sendo feita apenas por prazos curtos e conforme a demanda do período. Desde o final de março, por decisão do Ministério da Saúde, a regra para destinação dos imunizantes é revisada a cada nova remessa para assegurar a aplicação do reforço, mas evitar estoques desnecessários.
Nos últimos dias, proliferaram boatos infundados nas redes sociais de que o Estado estaria "estocando" os produtos em vez de distribuí-los aos municípios. O governador Eduardo Leite declarou que o Rio Grande do Sul costuma figurar entre as unidades da federação que mais vacinaram até o momento.
O governo federal extinguiu em 20 de março a orientação de guardar metade das doses da vacina contra o coronavírus, que tinha o objetivo de garantir a segunda aplicação. Como regra geral, não há mais necessidade de guardar uma dose para cada injeção aplicada — o que eliminava qualquer risco de desabastecimento no momento do reforço, mas vinha limitando ainda mais o avanço já lento da campanha de imunização em todo o território nacional.
Desde então, as novas instruções sobre o uso dos frascos repassadas à Secretaria Estadual da Saúde (SES) e aos demais Estados variam conforme as condições de cada envio. Junto à carga embarcada pelo governo federal, a SES recebe também uma nota técnica com instruções de como dividir os produtos disponíveis entre primeiras e segundas aplicações. Pode haver uma reserva de curto período, apenas para atender à demanda dos dias seguintes pela dose de reforço.
— Entre os dias 7 e 15 de abril, por exemplo, temos uma faixa importante de pessoas que precisam da segunda dose de vacina no Estado. Por isso, há uma reserva de curto prazo — explica o presidente do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde (Cosems/RS) e titular da pasta em Canoas, Maicon Lemos.
Conforme a SES, a oitava, a nona e a 10ª remessas, por exemplo (enviadas ao longo do período entre 17 e 26 de março), chegaram com a recomendação de serem aplicadas em sua totalidade imediatamente. No envio seguinte, em 2 de abril (o maior carregamento até então, suficiente para 645 mil injeções), “a orientação foi de guardar a dose dois da grande maioria das vacinas enviadas”, segundo nota encaminhada pela assessoria de comunicação da SES.
— No penúltimo lote, praticamente 80% das doses foram destinadas para as segundas doses que estavam vencendo neste prazo — afirma o vice-presidente do Cosems/RS e secretário de Novo Hamburgo, Naasom da Rocha.
Em razão disso, o percentual de vacinas aplicadas sobre o total recebido pode diminuir temporariamente, além da demora que ocorre no registro das imunizações feitas no sistema de monitoramento do governo federal. Nesta quinta-feira (8), a proporção estava em 67%.
A eventual reserva para segunda aplicação, segundo o Cosems/RS, por enquanto afeta principalmente a CoronaVac porque o período entre as duas aplicações é relativamente curto — 28 dias. O imunizante da AstraZeneca, minoritário no Rio Grande do Sul, tem um intervalo de três meses, o que reduz a necessidade de separar frascos para a complementação do esquema de imunização.