A entrevista de Eduardo Leite na Rádio Gaúcha na manhã desta quinta-feira (8) terminou com um desabafo envolvendo um boato que tem circulado nas redes sociais nos últimos dias. O governador negou que o Estado esteja estocando vacinas enviadas pelo governo federal e disse que a notícia falsa é um desrespeito com os profissionais da saúde.
O boato ganhou força ao ser publicado pelo ministro Onyx Lorenzoni e compartilhado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Na publicação (veja abaixo), é sugerido que o Rio Grande do Sul está retendo vacinas que seriam destinadas à primeira aplicação. A informação já havia sido desmentida na última terça-feira (6) pela diretora do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), Cynthia Molina Bastos.
Segundo Leite, as doses armazenadas por um curto período de tempo são aquelas que o próprio Ministério da Saúde avisa serem para a segunda aplicação. Como não há um cronograma a longo prazo que informe sobre os novos carregamentos, o governo precisa garantir que haverá doses para completar o esquema vacinal quando chegar a data.
— Nesta última pauta, a 11ª, o ministério alerta: a dose da Astrazeneca/Oxford é para a D2. É para a segunda dose dos profissionais vacinados há 12 semanas, então reservem parte dessas doses para isso, porque vai vencer no dia 25 de abril o dia em que eles têm que receber a segunda dose. E a gente não tem segurança de que virão, até o dia 25, doses suficientes para imunização da segunda dose de todos os profissionais que receberam a primeira há quase três meses. Então a gente faz uma pequena reserva, de 0,5% do total de vacinas que a gente recebe — explicou no programa Gaúcha Atualidade, informando que o governo estadual fica sabendo de detalhes sobre a carga entre um e dois dias antes da remessa ocorrer.
Leite também citou nominalmente o Onyx e Eduardo Bolsonaro e criticou o "bolsonarismo", afirmando que espalham mentiras:
— O bolsonarismo, infelizmente aqui representado pelo ministro Onyx Lorenzoni, faz ataques com fake news, e o filho do presidente (Jair Bolsonaro), o deputado Eduardo Bolsonaro, também com fake, com mentiras, para tentar confundir a população e criar essa cortina de fumaça para que as pessoas não enxerguem a única verdade existente: o presidente combateu a vacinação. O presidente da República, Jair Bolsonaro, disse que ele não se vacinaria. Falou inúmeras vezes: "Não entendo a pressa com a vacina". Não comprou vacinas quando foram ofertadas no ano passado pela Moderna, pela Pfizer. O Brasil poderia estar vacinando muito mais. E agora querem dizer que os governadores e que eu esteja retendo vacinas.
E completou:
— O Rio Grande do Sul foi sempre um dos cinco Estados que mais vacinou no Brasil. Está sempre entre os top cinco, top três, ontem (quarta-feira, 7) estava talvez na segunda colocação. Que mágica é essa que o Rio Grande do Sul faz que esconde vacina, estoca vacina, retém vacina, segundo esses mentirosos, e mesmo assim é um dos que mais vacina?
Por fim, Leite disse que os ataques são um desrespeito com os profissionais da saúde e servidores do Estado, que programam cronogramas "enlouquecidamente" para que as doses cheguem a todas as regiões em menos de 24 horas:
— Não é justo com profissionais de saúde, que estão suando sangue para poder rapidamente disponibilizar essa vacina no braço de cada gaúcho e de cada gaúcha. Um desrespeito com esses profissionais que estão virando noites para poder garantir que as vacinas cheguem rapidamente a todos que precisam. O presidente e a sua tropa devem colocar energia não em atacar quem está trabalhando, mas buscar internacionalmente que o Brasil seja priorizado nos cronogramas de entrega.