Em meio à chegada de novas remessas de vacinas contra a covid-19 aos Estados, passaram a circular notícias falsas informando que os governos locais não estariam aplicando todas as doses enviadas pelo Ministério da Saúde.
O boato, que circula em redes sociais, traz uma tabela com números diferentes de doses enviadas e de doses aplicadas, sugerindo que os Estados estariam armazenando parte da carga recebida.
Em entrevista à Rádio Gaúcha nesta terça-feira (6), a diretora do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), Cynthia Molina Bastos, desmentiu a informação. Segundo ela, o que acontece é que a maior parte das doses enviadas ao Rio Grande do Sul chegou em um curto período de tempo, o que faz com que as vacinas ainda estejam sendo aplicadas pelos municípios.
Desde janeiro, foram recebidas 2.861.600 doses pelo RS. Até o dia 10 de março, os lotes estavam sendo encaminhados de forma espaçada — o total de vacinas recebidas até esta data já foi aplicado na população.
Os demais imunizantes chegaram ao Estado em quatro carregamentos entre 18 de março e início de abril — ou seja, começaram a chegar há pouco mais de duas semanas. Assim, ainda estão sendo aplicadas nas campanhas de cada prefeitura.
— A gente tem se organizado para fracionar e enviar as vacinas em até 24 horas para os municípios. Tem a logística da coordenadoria, que separa e manda para o município, e tem também o município que, além de vacinar, tem que registrar no sistema. Quem já foi vacinado em um drive-thru sabe que o registro não acontece no momento, para que seja rápido. (...) Tem todo o tempo para vacinação, tempo de conferência. É uma vacina por pessoa, registrada por CPF, nominalmente. A gente sabe qual dose de qual lote foi pra cada pessoa — disse, em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade.
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Conforme Cynthia, também é importante considerar que parte do quantitativo que chegou foi destinado pelo Ministério da Saúde para aplicação em segunda dose. Ou seja: em lotes anteriores, a orientação era de que o total fosse destinado à primeira aplicação em grupos prioritários. Agora, foram enviadas doses para que seja completado o calendário vacinal.
— A pessoa só é considerada imunizada se receber a segunda dose no período que foi estipulado pelo Ministério da Saúde, junto com a Anvisa. Se a gente abre mão de vacinar a pessoa entre o 21º e o 28º dia, a gente não tem como dizer que a pessoa está imune e vacinada. Então essa é a recomendação oficial — diz.
— Quando saiu nota do ministério dizendo para usarmos todas as doses para a primeira vacina, não significa que ele vai deixar de fazer a segunda. Quer dizer que, quando eu te encaminho cem (doses), tu não aplica 50 e guarda 50. Tu aplica cem e, quando eu mandar a segunda leva de cem, aí usa direto para a segunda dose — exemplifica.
A diretora do Cevs ainda lembrou que os municípios estão trabalhando com estratégias para acelerar a imunização, com atendimento aos sábados, domingos e feriados, além de esquemas em drive-thrus e em farmácias.
— Tem que elogiar as pessoas que estão na ponta trabalhando para que a gente consiga cada vez mais subir no ranking e ser um dos Estados que mais vacinou por estratégia de otimizar. (...) Esse quantitativo veio muito rápido e em pouco tempo. E que bom. Nós vamos acelerar mais, mas não foi porque as pessoas não estão trabalhando ou porque estão guardadas (as doses). É porque estava vindo bem espaçadinho e havia uma organização. Aí acelerou e, agora, estamos acelerando o processo na mesma velocidade, nos esforçando muito para isso.
O quantitativo de doses distribuídas e aplicadas está disponível no site da Secretaria Estadual de Saúde.
