São muitas as perdas provocadas pela pandemia: o contato físico, o emprego, a chance de comemorar uma formatura com uma festa, milhares de vidas. Para amenizar os impactos, muitos procuram apoio psicológico, mas nem todos têm dinheiro ou conhecem os meios para isso. Um projeto da Universidade La Salle, em Canoas, oferece estudantes de Psicologia em fim de curso para atender de forma gratuita a quem precisa compartilhar as angústias deste período.
O Apoio Psicológico Solidário começou no ano passado, juntamente com a pandemia. Percebeu-se que o isolamento social traria prejuízos às pessoas, e então e os egressos da Psicologia passaram a fazer atendimento virtual para amenizar desconfortos. A procura, no entanto, era pouca. Quando o ano virou e a covid-19 passou a fazer mais vítimas, o projeto ganhou maior importância. E avançou mais quando o Conselho Federal de Psicologia permitiu que as consultas virtuais, antes restritas aos profissionais da saúde mental, pudessem ser feitas por estagiários.
— Essa liberação do Conselho Federal de Psicologia foi um divisor de águas. Com os números crescendo, tanto de mortes quanto de contágios, reconfiguramos o projeto e inserimos os alunos para fazerem os primeiros cuidados psicológicos — diz a coordenadora do curso de Psicologia do La Salle, Camila Bolzan de Campos.
O apoio não pretende ser uma sessão de terapia. São apenas três atendimentos de 30 minutos cada, por videochamada ou presencial. Estudante do oitavo semestre do curso, Yasmin da Silva Soares, 23 anos, define os encontros como "acolhimentos".
— É como se fosse um socorro. Estamos tentando evitar uma situação de crise. A pessoa tem um sofrimento e queremos evitar que ele se agrave — diz.
Os dilemas são variados e sempre têm a ver com os prejuízos da pandemia. A pessoa entra em contato por e-mail ou por WhatsApp e divide sua angústia. Na triagem, feita por telefone, os estudantes ouvem os problemas e marcam os encontros. Depois dos três atendimentos, a pessoa pode ser encaminhada para a clínica La Salle Saúde e, aí sim, iniciará a psicoterapia, ou pode parar no último acolhimento. A intenção é que ela sai do projeto mais aliviada.
O que é jornalismo de soluções, presente nesta reportagem?
É uma prática jornalística que abre espaço para o debate de saídas para problemas relevantes, com diferentes visões e aprofundamento dos temas. A ideia é, mais do que apresentar o assunto, focar na resolução das questões, visando ao desenvolvimento da sociedade.
Para a estudante do nono semestre do curso Lígia de Jesus Abreu Martins Andreolla, 61, o Apoio Psicológico Solidário ajuda a derrubar mitos sobre saúde mental:
— Buscar ajuda para o adoecimento mental é muito importante, principalmente neste momento. As pessoas estão solitárias, têm depressão, ansiedade. Mas as pessoas não dão muito valor. A primeira coisa que elas cortam é a terapia. Talvez tenha um tabu de que procurar ajuda para saúde mental é para gente muito perturbada.
Veja como entrar em contato com o Apoio Psicológico Solidário:
Só para adultos a partir dos 18 anos
E-mail: apoio.psicologico@unilasalle.edu.br
WhatsApp: (51) 99627-3540