A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) concluiu nesta quarta-feira (7) que os coágulos sanguíneos sofridos por pessoas vacinadas com o imunizante contra a covid-19 da AstraZeneca devem ser considerados um efeito colateral "muito raro" do medicamento. O imunizante foi desenvolvido pela universidade britânica de Oxford em parceria com o laboratório.
A EMA estabeleceu "uma possível ligação com casos muito raros de coágulos sanguíneos incomuns, juntamente com níveis baixos de plaquetas sanguíneas", pelo que considera que o balanço entre riscos e benefícios permanece "positivo", de acordo com um comunicado.
Esses coágulos surgiram no cérebro, no abdômen e em artérias de mulheres com menos de 60 anos, duas semanas após a primeira dose. Uma resposta plausível para esse problema, segundo as autoridades, pode estar relacionada ao sistema imunológico de cada um, e a segurança e a eficácia da vacina continuarão sendo monitoradas.
Vários países europeus suspenderam a vacina devido ao temor em relação aos coágulos sanguíneos. Na terça-feira (6), um funcionário da EMA mencionou a possibilidade de existência de uma "relação" entre a vacina e os casos de trombose registrados após sua aplicação, em uma entrevista publicada pelo jornal italiano Il Messaggero.
Em 18 de março, a EMA anunciou que os benefícios da vacina da AstraZeneca eram superiores aos riscos e que o fármaco continuava sendo seguro. Mas a agência explicou que o vínculo entre a reação sanguínea e a administração da vacina era possível e que prosseguia com a análise dos diferentes casos.
OMS defende a vacina
A vacina anticovid criada pela AstraZeneca/Oxford ainda apresenta "amplamente" mais benefícios do que riscos, anunciou a Organização Mundial da Saúde (OMS) na terça-feira.
— Não há evidência de que o balanço risco-benefício deva ser modificado — disse à imprensa o diretor de regulação e pré-classificação, Rogério Pinto de Sá Gaspar.
Gaspar insistiu que, segundo as informações atuais, o balanço "continua sendo amplamente positivo".
— Essas vantagens são verdadeiramente importantes em termos de redução da mortalidade entre a população vacinada — destacou, e disse que especialistas e a imprensa têm uma tendência excessiva de destacar os riscos. — Precisamos restabelecer o equilíbrio (da nossa mensagem) com os benefícios trazidos pela vacina — acrescentou.
No Brasil
Em setembro de 2020, ainda durante o período de testes do imunizante, houve uma interrupção do estudo no Brasil quando surgiu a suspeita de que um paciente do Reino Unido havia tido uma reação adversa grave. Em nota, a AstraZeneca informou que "o processo de revisão padrão desencadeou uma pausa na vacinação para permitir a revisão dos dados de segurança".
As aplicações foram retomadas em uma semana, após liberação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pelo Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (Conep). De acordo com um comunicado emitido pela Universidade de Oxford à época, um comitê independente havia chegado à conclusão de a pesquisa poderia ter continuidade.