Porto Alegre registrou aumento de 55,3% nos sepultamentos feitos em fevereiro em relação à média do mês nos cinco anos anos anteriores. Foram 1.143 enterros ou cremações — 40,8 por dia — contra 736,2, em média, entre 2016 e 2020. O mês passado registrou o quarto maior número de sepultamentos desde o começo da pandemia na Capital.
O Rio Grande do Sul começou a enfrentar em fevereiro o período que autoridades e especialistas da área da saúde definem como o pior desde que o coronavírus foi detectado. Também foi o mês em que, pela primeira vez, o mapa do distanciamento controlado ganhou bandeira preta em todas as regiões do Estado.
O ano passado teve aumento geral de 21,8% de sepultamentos no comparativo com 2019, ano anterior à pandemia. Os dados são da Comissão Municipal dos Serviços Funerários, ligada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo (SMDET) e englobam enterros gratuitos e pagos, sepultamentos de corpos não-reclamados e cremações.
Mesmo com o aumento registrado, a secretaria afirma que não há falta de sepulturas ou de serviços em crematórios.
— Nosso sistema funerário é um exemplo para todo o país. Ele tem capacidade para 1,2 mil enterros mensais, podendo chegar a mais. Além do serviço local, há possibilidade de compartilhamento com prestadores de serviços funerários de outros municípios. Mesmo com o aumento, a situação está sob controle — destaca o secretário-adjunto de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Vicente Perrone.
Perrone esclarece ainda que o número de sepultamentos difere da quantidades de óbitos ocorridos no município. Há estimativa de que 40% das pessoas que morrem na Capital são enterradas ou cremadas em outros locais.
GZH solicitou à prefeitura informações desde 2016. Além do crescimento específico em relação ao mês de fevereiro, as estatísticas mostram que anualmente ocorre aumento de sepultamentos no período de inverno, entre os meses de junho e setembro.
Com a pandemia, no entanto, esse cenário apresenta uma modificação. Passado o crescimento dos meses de frio, impulsionado pelas doenças respiratórias comuns ao período, a quantidade de enterros segue alta, com pequenas variações, mas sempre acima de mil por mês.
E o ano de 2021 começou mantendo a alta. Foram 1.102 enterros em janeiro (27% a mais do que no ano passado) e 1.143 em fevereiro (39% a mais que em 2020).
Estrutura dos cemitérios
Quanto à estrutura de vagas, a Associação Sulbrasileira de Cemitérios e Crematórios (Asbrace) informa que em Porto Alegre há 5 mil vagas disponíveis para enterros, além da capacidade de construção de mais cerca de 80 mil.
— Somente aqui no Jardim da Paz, por exemplo, tivemos aumento de 20% no número de sepultamentos em fevereiro. Agora, tivemos novo crescimento no número de cerimônias na segunda semana de fevereiro, mas o sistema está preparado. Não estamos trabalhando no nosso limite. A cidade tem capacidade de acolhimento — afirma Gerci Fernandes, presidente da Asbrace e diretor do Jardim da Paz.
No João XXIII, no bairro Medianeira, na tarde desta quarta-feira (3) estavam previstos três sepultamentos de vítimas de covid-19. Segundo a coordenadora-executiva do cemitério, Flávia De Barba, a média de enterros de vítimas da covid-19 no local é de sete por dia, mas somente no último final de semana foram realizadas 24 cerimônias.
Flávia ressalta que há uma mudança no perfil das vítimas. Se nos meses anteriores eram em sua maioria idosos, agora há pessoas com idade entre 30 e 50 anos.
Os cemitérios municipais também não enfrentam sobrecarga de demanda, apesar da alta nos serviços prestados. Apesar de a média de sepultamentos se manter na casa das 60 cerimônias mensais, Alexsandro Costa, administrador dos cemitérios de Porto Alegre, pontua relata aumento no número de vítimas de covid-19.
No cemitério municipal São João, na Zona Norte, ocorreram seis sepultamentos relacionados ao coronavírus em janeiro e, em fevereiro, esse número saltou para 16.