Devido à alta demanda de atendimentos de pacientes com covid-19, o Hospital Nossa Senhora da Conceição fechou sua emergência na quarta-feira (10) e passou a receber somente pessoas encaminhadas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). De acordo com o diretor-presidente do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), Cláudio Oliveira, a medida foi tomada para reorganizar o local e não colocar em risco a vida de quem já estava sendo atendido.
— Estávamos com 40 pacientes em ventilação mecânica, 23 com máscara, que necessitariam de recurso ventilatório, já tínhamos atendido outros 90 pacientes de demanda espontânea, e corríamos o risco de não dar conta — explicou Oliveira em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, na manhã desta quinta-feira (11).
O diretor-presidente salientou que as restrições em emergências são comuns quando há uma grande pressão ao sistema de saúde e que o hospital deve voltar a atender os pacientes no local no decorrer desta quinta. Além disso, reforçou o pedido de conscientização e de cumprimento das medidas que evitam a propagação do coronavírus, como uso de máscara e distanciamento social, defendendo que, com elas, é possível controlar ao menos um pouco do atual cenário.
— Nós não estamos querendo criar um pânico generalizado, queremos conscientizar que a situação é grave e é de todo o sistema de saúde — afirmou.
Segundo Oliveira, mesmo com as mudanças e expansões realizadas nos hospitais, o Grupo Hospitalar Conceição está vivendo o pior momento da pandemia desde o seu início. O Hospital Nossa Senhora da Conceição, que é referência para atendimento de pacientes com covid-19, havia recebido inicialmente 16 novos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), passando de 59 para 75:
— Passamos por todas as ondas que tiveram sem maiores reflexos. Agora, que estamos desde o começo de dezembro com uma grande demanda, nós passamos para mais 10 leitos, temos 85 leitos no total.
Além dessa instituição, o Grupo conta com o Hospital Cristo Redentor, que oferece suporte para pacientes não covid e tem 15 leitos, e o Hospital Fêmina, que tinha seis leitos de UTI e irá receber mais quatro até sexta-feira (12) — totalizando 10 leitos que poderão atender outros pacientes e pessoas que tiveram covid-19 e estão se recuperando. Em relação aos leitos clínicos, o diretor-presidente relatou que, nas duas últimas semanas, o número passou de 80 para 116.
— A nossa emergência, até três semanas atrás, tinha seis leitos para pacientes com covid-19 que necessitassem de ventilação mecânica, hoje nós estamos com 50 leitos. Estamos fazendo tudo aquilo que está ao nosso alcance para garantir o atendimento de pacientes graves, mas temos mais de 200 pacientes, entre terapia intensiva e clínicos de covid, no Grupo Hospitalar Conceição — ressaltou.
Para Oliveira, o aumento de casos percebido nas últimas três semanas é decorrente do relaxamento das medidas e da sensação de segurança pela chegada da vacina. Ele também relatou que a faixa etária dos pacientes que necessitam de atendimento diminuiu e que é possível encontrar pessoas com 30 anos, sem comorbidades, internadas na UTI pela doença:
— Estamos vendo as unidades básicas de saúde virando pronto atendimento, locais de pronto atendimento virando emergências, e as emergências virando UTIs improvisadas. Temos a UPA Zona Norte com mais de 60 pacientes internados, e é um local que tem capacidade para 18 pessoas.
Questionado sobre quando os números devem começar a baixar, o diretor-presidente afirmou que, segundo os especialistas da instituição, o reflexo das medidas adotadas durante a bandeira preta deve aparecer somente após 15 dias. Portanto, a expectativa é de que o mês de março seja todo de alta pressão no sistema de saúde, considerando que não é possível diminuir a curva rapidamente.
— Se nós relaxarmos nos 15 dias depois (do fim da bandeira preta), voltaremos a ter novos casos. Então, precisamos manter as medidas que são básicas: uso da máscara, evitar aglomerações e manter o distanciamento social — alertou.