O secretário-executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco, assinou um ofício pedindo à embaixada chinesa no Brasil a liberação de 30 milhões de doses de vacinas da Sinopharm contra o coronavírus. Essa vacina ainda não foi negociada pela pasta e também não foi testada no Brasil. Em dezembro, o laboratório chinês afirmou que ela tem 79,3% de proteção contra a covid-19 nos estudos clínicos da fase 3.
Em 31 de dezembro, a Sinopharm passou a produzir e a aplicar em massa o imunizante na China. Países como Emirados Árabes, Egito e Bolívia já concederam a autorização necessária para que os imunizantes sejam aplicados em seus cidadãos. Caso o uso da vacina seja autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e haja acordo comercial, seria a segunda vacina chinesa a ser usada no Brasil — o país já aplicou mais de 7 milhões de doses da Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan com tecnologia do laboratório chinês Sinovac.
No ofício, o Ministério da Saúde afirma que há o risco de interrupção da campanha de vacinação em curso no país.
A mobilização nacional para imunização pode esbarrar na falta de doses, dada a escassez da oferta internacional. Por conta disso, o Ministério da Saúde vem buscando estabelecer contato com novos fornecedores, em especial a Sinopharm, cuja vacina é de comprovada eficácia. No pedido, Franco solicita "se possível, ainda para o primeiro semestre de 2021, com possibilidade de quantidades adicionais para o segundo semestre".
O ofício é endereçado ao embaixador chinês no Brasil, Yang Yanming. Em março de 2020, o diplomata exigiu ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, um pedido de desculpas por ele ter afirmado que a China foi responsável pela propagação do vírus pelo mundo. O pedido de desculpas foi atendido pelo então presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia (DEM-RJ), já que Eduardo Bolsonaro liderava a Comissão de Relações Exteriores da casa, mas não pelo deputado paulista.
Em outubro do mesmo ano, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que não compraria "a vacina chinesa", em referência à Coronavac, promessa que não foi cumprida. Em 25 de janeiro deste ano, a China liberou 5,4 mil litros de insumos para produção de vacina contra o coronavírus após uma negociação do governo federal com a embaixada do país asiático.