Pressionado pelo avanço da pandemia de covid-19, o presidente Jair Bolsonaro mudou o discurso e prometeu mais de 400 milhões de doses para imunizar a população brasileira até o fim deste ano. Em ocasiões anteriores, o chefe do Planalto havia dito que não tomaria a vacina e até comemorado a suspensão de testes após a morte de um voluntário.
De acordo com números apresentados pelo chefe do Executivo em cerimônia no Palácio do Planalto, o Brasil adquiriu mais de 270 milhões de doses com entregas previstas no primeiro semestre. Bolsonaro afirmou que, até o momento, o governo federal distribuiu 17 milhões de imunizantes e vacinou mais de 10 milhões de pessoas — segundo o "vacinômetro" do Ministério da Saúde, foram 18 milhões de doses distribuídas para os Estados e 7,5 milhões de vacinados.
Na terça-feira (9), o Brasil bateu novo recorde no número de mortes pela covid-19. Foram 1.972 pessoas que perderam a vida em 24 horas, de acordo com dados do Ministério da Saúde. No evento, o presidente da República defendeu a produção nacional de uma vacina contra a covid-19 para distribuição de doses na América do Sul.
— Nós só podemos ter, não digo a certeza da erradicação, porque isso é muito difícil, mas a da dificuldade de que novas pessoas sejam infectadas, se nossos vizinhos também tiverem sido vacinados — afirmou o presidente, que usou máscara durante o evento, o que não vinha acontecendo em outras ocasiões no Planalto.
De acordo com levantamento do portal G1, a última vez em que Bolsonaro usou máscara em um evento oficial foi em 3 de fevereiro, na abertura do ano legislativo do Congresso. Desde então, houve 36 eventos oficiais em Brasília e outras cidades — entre os quais solenidades, audiências, encontros com embaixadores e formaturas — com a participação do presidente. Em todos, ele estava sem máscara.
Pedindo confiança no governo federal, Bolsonaro afirmou que a administração foi "incansável" desde o início da pandemia na luta contra a covid-19. Ele orientou a população a procurar uma unidade de saúde na apresentação dos primeiros sintomas, como febre e falta de paladar. Além disso, citou a possibilidade de os vacinados voltarem a contrair a doença no futuro e voltou a defender a solução por medicamentos, que não tem eficácia comprovada.
Flavio pede para que seguidores compartilhem imagem com "nossa arma é a vacina"
O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), numa mudança de discurso, foi nesta quarta-feira (10) às redes sociais pedir para que seguidores compartilhem imagem de seu pai, o presidente Jair Bolsonaro, com os dizeres "Nossa arma é a vacina".
Na publicação, o filho 01, como é chamado pelo pai, diz: "Nos próximos dois meses, vacinaremos dezenas de milhões de brasileiros!". No canal oficial de Flávio Bolsonaro no Telegram, ele reforça o pedido para que a imagem seja compartilhada: "Vamos viralizar".
A mensagem, no entanto, diverge dos pronunciamentos usados por Jair Bolsonaro e os outros filhos com cargos públicos, que nos últimos meses não pouparam críticas aos imunizantes. Foi o caso da CoronaVac - produzida pelo Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo -, que teve a origem questionada pelo presidente, que pôs em dúvida a segurança da vacina e comemorou a interrupção momentânea dos testes do imunizante nas redes sociais.
Em 19 de janeiro, pouco após o início das vacinações para grupos prioritários no Brasil, Flávio Bolsonaro afirmou que seu médico havia lhe recomendado para que não tomasse a vacina.
— Como já tive covid e minha taxa de imunidade é alta, meu médico não recomendou, neste momento, que eu tome a vacina. Vou seguir a ciência — disse.