A manhã de sábado (6) foi de movimentação intensa em entidades que representam profissionais da saúde em Porto Alegre em razão da abertura da vacinação para esses trabalhadores. A ação foi uma iniciativa da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) em parceria com associações e conselhos das categorias para acelerar a imunização na Capital.
Ao todo, foram disponibilizadas 12 mil doses de vacinas, da CoronaVac e Oxford, distribuídas por cinco pontos da Capital: as sedes da Associação Médica do Rio Grande do Sul (Amrigs), do Sindicato Médico do RS (Simers), do Conselho Regional de Medicina RS (Cremers), da Associação Brasileira de Odontologia RS (ABO/RS) e do Conselho Regional de Odontologia (CRO).
Na Avenida Ipiranga, uma fila de veículos de mais de 1,5 quilômetro levava à sede da Amrigs no começo da manhã deste sábado. No local, que concentrou o maior contingente de profissionais, os portões abriram às 8h35min, cerca de 30 minutos após o previsto. A Amrigs recebeu 4,5 mil doses.
Na fila de pedestres, o técnico de enfermagem aposentado do Hospital Divina Providência Renato da Silva, 56 anos, aguardava ansioso desde as 6h15min.
— Recebi a confirmação por e-mail à meia-noite e não consegui dormir de tanta ansiedade! — contou ele, com os olhos marejados e perguntando aos outros profissionais se ainda iria demorar.
A fila de pedestres seguia até próximo ao viaduto na R. Dr. Salvador França, pouco antes das 9h.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, os profissionais vacinados neste sábado se cadastraram previamente junto às entidades representativas, e estão sendo vacinados por ordem de chegada.
— Foi uma ação de demanda espontânea em função de 9 mil doses que tínhamos guardadas. A gente conseguiu reunir mais 3 mil e fechamos 12 mil. O que a secretaria pensou: ao invés de essas doses estarem aguardando para que a gente pudesse atingir um público, a gente abriu para uma demanda espontânea dos conselhos. Para a secretaria, o que importa é vacina no braço — explicou Luciane Beiró, diretora-geral da atenção primária da pasta.
Procura intensa nos pontos
O Simers, ponto que recebeu o segundo maior lote de vacinas — foram 3 mil doses —, também teve mobilização grande perto das 8h. Conforme o presidente da entidade, Marcelo Matias, mais de 2,2 mil médicos se inscreveram via sindicato. Além disso, a sede atende um grupo da Unimed. Para atender os trabalhadores, o local conta com 18 postos, divididos na parte interna do prédio e no estacionamento. As doses que não forem usadas serão encaminhadas à Amrigs, conforme acordado previamente.
— Somos radicalmente favoráveis a isso considerando que não existe médico que não atenda pacientes, e muitas vezes eles buscam seus médicos de referência, que não são da emergência, em busca de diagnóstico. E para nós é fundamental que a categoria como um todo esteja mais protegida porque são justamente esses médicos da retaguarda que são chamados para fazer a cobertura da linha de frente quando preciso — defendeu Matias.
Orgulhosa com mostrando a carteira que comprova a imunização, a psiquiatra Christina Gazal, que trabalha em consultório particular, se disse aliviada.
— Fiquei muito satisfeita, pois a tensão é muito grande. Os índices estão altos e o risco de contaminação é grande. Estou aliviada por mim, pelos meus pacientes e pela minha família —disse ao deixar o posto de vacinação do Simers.
A reportagem circulou por todos os pontos de vacinação e constatou filas, também, nas sedes da ABO/RS e do CRO.
Com essa ação, Fernando Ritter, diretor da Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), espera que a Capital ultrapasse a margem de 50% dos profissionais da saúde imunizados. De acordo com o painel da prefeitura, atualizado às 18h de sexta (5), esse percentual era de 47,46%.
Segunda dose
Nesta etapa da vacinação, a prioridade foi dada àqueles trabalhadores da saúde com mais de 60 anos. No entanto, como o lote de vacinas recebido pelo Ministério da Saúde foi maior, houve a possibilidade de aplicar em outras faixas, explicou o presidente da Amrigs, Gerson Junqueira Junior. Segundo ele, todas as pessoas que receberam a CoronaVac nessa entidade têm a segunda dose garantida dentro do prazo estipulado pelo fabricante do produto.
— Essas doses já estão reservadas — assegurou, acrescentando que elas serão notificadas da nova data.
Aqueles profissionais que estão aposentados, mas seguem em atividade em clínicas ou outras instituições de saúde também foram chamados para esse mutirão.
Na semana que vem, Porto Alegre, Canoas e Santa Maria devem começar a vacinar idosos de 85 anos ou mais contra o coronavírus, por ordem de chegada. Em Porto Alegre, a população nessa faixa etária deverá se apresentar espontaneamente para receber o imunizante, sem agendamento prévio, em postos de saúde. Segundo o governo do Estado, o Ministério da Saúde deve repassar 193,2 mil doses de CoronaVac neste domingo (7), das quais 147 mil serão destinadas a esse público.