A prefeitura de Gramado, na Serra, deverá publicar nos próximos dias um novo decreto com medidas mais rígidas para conter a expansão da pandemia e a eventual disseminação da nova variante do coronavírus detectada no município — a chamada P1, que tem origem em Manaus (AM) e maior capacidade de transmissão.
O secretário municipal de Saúde, Jeferson Moschen, afirma que, até o momento, a cidade não cogita decretar um lockdown, medida adotada por Araraquara, em São Paulo, depois de identificar linhagens do vírus com origens em Manaus e no Reino Unido.
— Estamos estudando um decreto para conter a velocidade de transmissão da doença e aliviar a pressão hospitalar. Deve ser publicado terça (16) ou quarta-feira (17), mas não estamos pensando em lockdown — afirma Moschen.
Segundo o secretário, deverão ser reforçadas medidas de restrição a aglomerações, com regras mais duras para setores como eventos. A nova legislação vem acompanhada de outras ações que já estavam sendo planejadas em razão de sinais de agravamento da pandemia no município nas últimas semanas, como uma maior procura por atendimento nas unidades de saúde.
— Já estávamos percebendo um aumento no número de casos ativos, que ainda não temos certeza se estão vinculados com o aparecimento dessa nova cepa ou não — diz o secretário.
Ao longo de uma semana, até o domingo (14), as internações por covid-19 aumentaram 39,6% em toda a região da Serra, conforme o Boletim de Hospitalizações da Secretaria Estadual da Saúde (SES). No mesmo período, o número de doentes em UTIs cresceu 28%.
Por isso, estão sendo reforçadas ações como rondas de fiscalização no comércio, em restaurantes e pontos turísticos para coibir aglomerações, além de limpezas mais frequentes em locais como paradas de ônibus, rodoviária, unidades de saúde e locais frequentados por turistas em Gramado.
Mais amostras para análise
A prefeitura de Gramado e a Secretaria Estadual da Saúde (SES) seguem investigando contatos do paciente detectado com a variante de Manaus — um idoso de 88 anos que acabou morrendo — e procurando mapear outras infecções pela nova linhagem do vírus na região.
Segundo o secretário de saúde do município, Jeferson Moschen, o idoso estava vivendo em uma chácara e tinha contato com poucas pessoas. Ainda não se tem certeza sobre como a variante do coronavírus chegou até ele. Um levantamento mais completo sobre o possível caminho do vírus deverá ser concluído até o meio da semana.
A SES, ao mesmo tempo, selecionou 20 amostras de pacientes da Serra para sequenciamento genético no laboratório da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro. A intenção é descobrir o nível de espalhamento da P1 pela região. Os resultados são esperados para os próximos dias, mas pode haver algum atraso em razão do período de Carnaval.
— Além de sequenciar amostras, é importante identificar eventuais alterações no padrão de hospitalizações e determinar se são reflexo de uma maior movimentação das pessoas ou da nova variante — observa a diretora do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) da SES, Cynthia Molina Bastos.
Independentemente dos avanços nas investigações, Cynthia afirma que é fundamental as pessoas reforçarem cuidados básicos em todo o Estado como uso de máscara, distanciamento social e higiene das mãos.
Conforme reportagem publicada no domingo (14) em GZH, todas as regiões gaúchas vêm demonstrando crescimento nas internações por covid-19 em leitos clínicos — que podem, em um segundo momento, resultar em mais hospitalizações em UTIs e óbitos.