O gerente-geral de Medicamentos e Produtos Biológicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Gustavo Mendes, falou nesta terça-feira (19), em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, sobre o pedido de uso emergencial de mais um lote de vacinas desenvolvidas pela Sinovac em parceria com o Instituto Butantan. São 4,8 milhões de doses da CoronaVac produzidas em território brasileiro.
Segundo ele, a análise é necessária devido à diferença de local onde o imunizante é produzido, o que pode impactar em "aspectos de qualidade". Mendes afirmou que "essa semana ainda" a Anvisa pode dar uma resposta ao pedido.
— Quando você muda o local, mudam os equipamentos, e isso pode impactar. Nossa função então é verificar se preserva a integridade, se preserva as mesmas condições de fabricação. Se não tem mudança de equipamento e local, ele (o pedido) continua valendo. (...) Claro que não vai demorar tanto tempo (para darmos uma resposta) como foi da primeira vez porque vamos focar nessas questões, mas vamos precisar olhar se está sendo produzida como a gente espera — explicou.
— A gente está trabalhando para até sexta (dar uma resposta ao novo pedido) — completou.
As 6 milhões de doses aprovadas pela Anvisa no domingo (17) foram importadas da China pelo governo de São Paulo e compradas pelo governo federal. Além dessas, a diretoria colegiada da agência aprovou o uso de mais 2 milhões de doses do imunizante da AstraZeneca/Oxford que estão sendo fabricadas na Índia, mas que não têm data para chegar ao Brasil.
Veja outros pontos da entrevista:
Vacina russa Sputnik
— Quando a gente olhou os dados do estudo na Rússia, vimos que tinha informações para esclarecer. Foi quando a empresa decidiu fazer a condução do estudo de fase 3 aqui no Brasil, mas a gente fez uma exigência: informações sobre dados. E eles não responderam ainda. A bola está com eles neste aspecto. Eles entraram com pedido de uso emergencial, mas esse pedido é só para quem já tem dados desse estudo de fase 3.
Presidente atrapalha?
— Eu percebo que a agência tem uma dependência importante. Os diretores são indicados, mas eles têm mandatos temporários. Já passaram vários presidentes, e o corpo técnico (da Anvisa) se mantém. A equipe que trabalha comigo esta no mínimo há 10 anos. Esse conhecimento que foi solidificado é impossível ter interferência. A Anvisa é reconhecida internacionalmente, somos conhecidos nos principais fóruns. É uma solidez científica.
Ausência de medicamentos contra a covid
— O aspecto técnico é o seguinte: para que a Anvisa possa colocar (a indicação de um medicamento) na bula, a gente precisa receber todos os estudos e aplicar o mesmo rigor que a gente está aplicando nas vacinas. Precisa mostrar de forma clara que é eficaz. Até o momento, isso não aconteceu com nenhum dos medicamentos. (...) A gente teve um estudo positivo com dexametasona com casos graves, diminuiu o número de dias de internação, mas ainda não foi incluído em bula. Mas nenhum medicamento tem em bula.
Vacinação
— Pelo que a gente tem visto de eficácia, uma meta seria vacinar pelo menos 80% da população. Então precisaria de uma quantidade grande de doses.