A informação de que a China liberou 5,4 mil litros de Ingredientes Farmacêuticos Ativos (IFAs) para assegurar a produção da CoronaVac no Brasil provocou uma discussão pública entre os governos de São Paulo e federal. Nota reproduzida nas redes sociais do governador João Doria afirma que o presidente Jair Bolsonaro e sua equipe não tiveram "participação na liberação de insumos chineses" para o imunizante que será produzida pelo Instituto Butantan.
"Não é verdade o que disse o presidente Bolsonaro em redes sociais, de que a importação de insumos da China foi uma realização do Governo Federal. Todo o processo de negociação com o governo chinês para a liberação de 5.400 litros de insumo para a vacina do Butantan foi realizado pelo Instituto e pelo Governo de São Paulo, que vem negociando com os chineses a importação de vacinas e insumos desde maio do ano passado", afirmou o governo Doria.
"Esta negociação é continua e nunca foi interrompida, mesmo quando o Governo Federal através do presidente da República anunciou publicamente em mais de uma ocasião, que não iria adquirir a vacina por causa de sua origem chinesa. Neste período, um total de 4 lotes de vacinas e insumos foram recebidas pelo Governo de SP sem nenhuma participação do governo Bolsonaro", complementa o texto.
Ainda na nota, o Instituto Butantan afirma que "houve autorização do governo chinês para o envio dos insumos", mas que eles "não estão no aeroporto conforme equivocadamente publicado" por Bolsonaro, e sim "nas instalações da Sinovac, em Pequim".
Minutos depois, o ministro Fábio Faria (Comunicações) divulgou no seu Twitter uma carta com assinatura do embaixador da China no Brasil, Yang Yanming, endereçada ao ministro Eduardo Pazuello (Saúde).
"Em continuidade da nossa conversa do dia 21 do mês corrente, aproveito para informar que a exportação ao Brasil do novo lote de 5400 litros dos insumos da Coronavac acabou de ser autorizada pelos órgãos competentes da China. Espera-se que a sua chegada no Brasil se ocorra nos próximos dias", diz a carta.
Na publicação de Bolsonaro que deu origem à disputa de versões, o presidente agradece "a sensibilidade do governo chinês" e o "empenho" de ministros, como o da Saúde, Eduardo Pazuello.
O ministério da Saúde, em nota, afirmou que a negociação "voltou à normalidade" graças à "ação diplomática" do governo federal.
“A continuidade do recebimento dos insumos para a fabricação das vacinas pelo Butantan voltou à normalidade, graças à ação diplomática do Governo Federal com o governo chinês, por intermédio da Embaixada Chinesa no Brasil. Fica aqui o nosso agradecimento a todos que ajudaram nessa liberação”, afirmou Eduardo Pazuello em vídeo divulgado à imprensa.
Conforme o governo paulista, Doria terá reunião virtual nesta terça (26), às 10h30min, com o embaixador chinês. Logo depois, concederá entrevista coletiva em que serão detalhados a logística de importação dos insumos da vacina do Butantã, ainda esta semana, para o Brasil.