O gerente-geral de Medicamentos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Gustavo Mendes, afirmou na manhã desta segunda-feira (4) que a Anvisa pode autorizar a liberação do uso emergencial da vacina contra a covid-19 em menos de 10 dias. Em entrevista ao Timeline, da Rádio Gaúcha, ele explicou que o prazo foi definido como um padrão mundial com base no que os outros países estão praticando.
— A gente consegue ter uma expectativa a partir do recebimento do pedido. A gente faz o que chamamos de triagem. O que precisamos avaliar e o que podemos aproveitar da experiência de outros países e aí conseguimos traçar um mapa do que precisamos. Mas colocamos até 10 dias — explicou.
Segundo Mendes, desde a manhã desta segunda ocorre uma reunião técnica entre a Fundação Oswaldo Cruz a (Fiocruz) e a Anvisa. Segundo a assessoria de imprensa do órgão, o encontro é apenas para ajustar questões técnicas, ainda sem definição sobre o pedido de uso emergencial.
Na última segunda-feira (28), em entrevista ao Gaúcha Atualidade, a Fiocruz iria pedir até o final desta semana o registro da vacina, que é desenvolvida pelo laboratório em parceria com a farmacêutica Astrazeneca e com a Universidade de Oxford – única que já tem acordo fechado com o governo federal para compra e distribuição no Brasil. Se isso ocorrer, a expectativa é de que a vacina seja autorizada pela Anvisa ainda no mês de janeiro, ou seja: a vacinação teria condições de começar neste mês, dependendo apenas da organização do Ministério da Saúde e da Fiocruz para a distribuição e aplicação das doses.
— Ao longo das últimas semanas, a gente teve oportunidade de fazer reunião com vários desenvolvedores de vacina e responder a várias perguntas que a gente tinha que ter respondidas na hora de autorizar o uso emergencial ou mesmo registrar as vacinas. A gente viu que as questões técnicas ficaram mais claras ainda para eles, e a gente acredita que em breve eles devem se submeter — relatou Mendes.
Ainda durante a entrevista ao Timeline, o gerente-geral da Anvisa lembrou que até agora nenhum laboratório pediu a autorização para o uso emergencial. Ele também destacou que a agência sanitária brasileira está seguindo os padrões internacionais e negou que a Anvisa esteja demorando para conceder o registro da vacina:
— Essa semana estão programadas reuniões a mais que podem gerar novidades sobre um pedido formal, mas até o momento não tivemos nenhum pedido. A grande questão é que vacinas virão para o Brasil, a maneira como são fabricadas, o local, o método, importa na hora de uma empresa decidir solicitar o registro na Anvisa, porque são informações que são críticas e importantes na hora de submeter — afirmou.
— Deixamos claro que esses requisitos poderiam ser conversados com a gente. Só que as empresas decidiram não pedir. Os motivos são variados: negociação, quantas doses disponíveis. Isso são fatores que a Anvisa não controla. A Anvisa não tem buscado interromper ou burocratizar e tornar inacessível o procedimento de vacinação. O que a gente quer garantir é que a vacina que venha para o Brasil seja segura, eficaz e de qualidade — completou.