Com o início da vacinação contra a covid-19 em diversos países, especialistas e autoridades de saúde conseguem mensurar, ainda que minimamente, a impacto da imunização no controle da pandemia. Para vice-diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Jarbas Barbosa, esse cenário pode ocorrer no primeiro semestre de 2022.
— Nós tivemos uma projeção, mas é baseada em modelos matemáticos, que a gente precisaria vacinar 70% para atingir a imunidade coletiva. O país que vai fornecer mais dados com relação a isso vai ser Israel, que provavelmente vai ser o primeiro a atingir esse tipo de cobertura vacinal. Se esse modelo tiver certo, esse controle pode ocorrer no primeiro semestre de 2022 — explicou, em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, nesta quinta-feira (28).
No entanto, aponta Barbosa, a projeção depende de diversos fatores relacionados à imunização nos países. Fora Israel, onde o processo de imunização avança no ritmo mais acelerado do mundo e 47% da população já foi vacinada, a maioria dos países avança em ritmo lento. Na América Latina, os países não alcançaram 1% desse percentual.
No Brasil, conforme mostrou GZH, há atrasos por falhas na logística (como a demora para obter o ingrediente farmacêutico ativo, o IFA), a população brasileira é grande, há mutações do vírus que podem reduzir a eficácia das vacinas e as imunizações compradas pelo Ministério da Saúde são de menor eficácia – é necessário, então, aplicar doses em mais pessoas para alcançar algum benefício na comunidade.
Neste sentido, é importante que se tenha uma ação coordenada de imunização internacional, como é o caso da aliança Covax Facility, que visa garantir vacinas contra a covid-19 de forma igualitária no mundo. Caso contrário, "nenhum país vai estar protegido se a transmissão continuar ocorrendo", enfatiza Barbosa. Além disso, é importante seguir o acesso do imunizante primeiro a grupos prioritários:
— Na situação atual, com as escassez, o objetivo é salvar vidas. Por isso, em todos os países do mundo, inclusive nos EUA, você não compra na farmácia. Ela (vacina) está sendo distribuída em farmácias privadas, mas de graça, de acordo com a fila do governo. Você tem que ter como alvo primeiro os grupos proprietários. Numa situação de você ter vacina suficiente para todo mundo, você pode ter até outras estratégias, mas a vacina tem que ter uma fila única. Ninguém pode ter privilégio porque trabalha numa empresa que pode comprar. As pessoas têm que ser protegidas de acordo com o seu grau de risco — avalia o vice-diretor da Opas.