Duas semanas depois do início da vacinação contra a covid-19 no Reino Unido, o cardiologista gaúcho radicado em Londres Ricardo Petraco recebeu, na terça-feira (22), o imunizante da Pfizer/BioNTech. Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte deram início à vacinação em massa da população no último dia 8, e se tornaram as primeiras nações ocidentais a usarem o imunizante.
Inicialmente marcada para domingo (20), a aplicação precisou ser transferida. Petraco diz que a mudança ocorreu pela alta procura de profissionais da saúde depois que e-mails com o aviso de vacinação foram enviados. Para não deixar ninguém sem as doses, a nova data foi marcada.
— Está muito fluido e organizado. Está acontecendo — comemora.
Depois de dedicar o dia à aplicação da vacina nos colegas do St. Mary's Hospital, o médico, que é professor da Imperial College de Londres, finalmente recebeu o imunizante. Ele conta que está sentindo apenas uma leve dor no braço, assim como sente quando toma a vacina da gripe.
— É bom ver os colegas vacinados, pois estamos todos no mesmo barco, seguros como time. Eu sou consultor em cardiologia e estava vacinando. Professores renomados e consultores com 20 anos de experiência também. É uma sensação de humildade, de que todo mundo é igual — descreve, acrescentando que a segunda dose deve ser administrada dentro de 21 dias.
Apesar da vacinação em curso, Petraco diz que o clima em Londres é de desânimo em razão das novas restrições impostas às vésperas dos festejos de fim de ano. Ainda assim, afirma, há consciência de que as limitações são necessárias:
— Tem um clima de depressão, pois muita gente não verá a família. Por outro lado, há a sensação óbvia de que foi a decisão certa. Tenho amigos que trabalham em emergências e eles relatam um aumento no número de casos nas últimas semanas. Há a percepção que mais pessoas da mesma casa foram infectadas.
No último sábado (19), o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, anunciou o endurecimento das medidas restritivas em algumas regiões. De acordo com documento emitido pelo governo, "no nível 4, a mensagem 'fique em casa', será tratada como lei".