Nesta quarta-feira (18), a farmacêutica americana Pfizer anunciou que sua vacina experimental contra o coronavírus, desenvolvida em parceria com a empresa alemã BioNTech, registrou 95% de eficácia nos resultados finais dos estudos e se mostrou segura. Em entrevista ao programa Gaúcha Mais, da Rádio Gaúcha, o médico responsável pelos testes do imunizante em São Paulo, Cristiano Zerbini, comentou sobre o impacto do resultou e informou mais detalhes acerca do medicamento.
De acordo com Zerbini, a notícia deixou a equipe muito feliz, pois eficácia de 95% em uma vacina é algo muito raro. Ele esclareceu que algumas vacinas são licenciadas com 50% de eficácia e que o esperado para o imunizante da Pfizer era em torno de 60% a 70%.
— Foi uma surpresa muito agradável — afirmou.
Além do bom resultado de forma geral, o medicamento se mostrou eficaz em 94% das pessoas com idades acima de 65 anos que participaram dos testes. Ou seja, a vacina foi capaz de proteger até mesmo os idosos, que têm um sistema imunológico não tão eficiente quanto o das mais jovens.
Em relação à quantidade de doses, o médico salientou que são sempre duas aplicações, sendo a segunda 21 dias depois da primeira:
— A gente observa geralmente uma subida muito grande de anticorpos no 28º dia depois da vacina, e, quando você dá a segunda dose, o número de anticorpos aumenta mais ainda. Então a gente espera que, com essa vacina, com as duas doses iniciais, as pessoas tenham pelo menos proteção durante um ano, mas vamos torcer para ser mais que isso.
Durante a entrevista, Zerbini também explicou como o imunizante é produzido e como ele atua no corpo humano para criar a defesa imunológica. Além disso, falou sobre a possibilidade de mutação do vírus, esclarecendo que o coronavírus tem um genoma muito grande, o que torna a mutação mais difícil.
— As mutações que podem ocorrer com o coronavírus são muito menores do que, por exemplo, com o vírus da gripe. Então, se ocorrerem mutações, serão pequenas — ressaltou.
O médico informou ainda que os efeitos colaterais registrados durante os testes foram poucos, sendo 3,8% de fadiga, 2% de cefaleia e dores no local da injeção, o que é comum na maioria das vacinas.