Uma pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) apontou que 48% dos homens com mais de 40 anos residentes no Rio Grande do Sul deixaram de realizar consultas ou tratamentos médicos em função da pandemia. No levantamento, realizado também em outros 21 Estados com 499 participantes, os gaúchos ficaram abaixo da média nacional, que foi de 55%.
A pesquisa, realizada em razão da campanha do Novembro Azul, indicou ainda que 35% dos gaúchos acima dos 40 anos afirmaram ter percebido um impacto negativo na saúde, incluindo 8% que consideraram que a sua saúde estaria pior do que antes. Sobre o impacto do coronavírus na vida de uma forma geral, 81% desses homens afirmaram ter sido afetados.
De acordo com a SBU, foi escolhida a faixa etária a partir dos 40 anos porque geralmente é quando começam a surgir comorbidades como diabetes, hipertensão, problemas prostáticos e neoplasias.
Os participantes gaúchos também responderam sobre a frequência com que consultavam um médico urologista, com 60% afirmando que vão regularmente. Para a vice-presidente da seccional do Rio Grande do Sul da SBU e coordenadora da pesquisa, Karin Jaeger Anzolch, a principal preocupação dos médicos é com as consequências deste período para a saúde dos homens nos próximos anos.
— Fizemos essa pesquisa a partir da inquietação dos colegas pela redução do número de pacientes realizando consultas e tratamentos. Acredito que o resultado da pesquisa é apenas a ponta de um iceberg de um grande problema de saúde que teremos nos próximos anos. O câncer de próstata é silencioso e assintomático em sua fase inicial — ressalta a coordenadora do estudo.
Em nível nacional, os dados indicam que 57% dos homens acima dos 40 anos afirmaram ter percebido um impacto negativo na saúde em função da pandemia. Outros 9% consideraram que a sua saúde estaria pior do que antes. Sobre o impacto do novo coronavírus na vida de uma forma geral, 88% desses homens afirmaram ter sido impactados, sendo que 37% relataram ter afetado muito.
Queda nas cirurgias eletivas
Outra pesquisa realizada pela SBU, mas com os médicos ligados à entidade, indicou que cerca de 90% dos participantes informaram ter tido redução igual ou maior a 50% nas cirurgias eletivas e 54,8% relataram diminuição de pelo menos 50% no número de cirurgias de emergência.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a estimativa de novos casos de câncer de próstata para 2020 é de 65.840, com 15.576 mortes relacionadas.
Alguns fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de próstata são: histórico familiar de câncer de próstata em pai, irmão ou tio e homens da raça negra. De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia, a recomendação é que os homens a partir de 50 anos, e mesmo sem apresentar sintomas, devem procurar um profissional especializado para avaliação individualizada tendo como objetivo o diagnóstico precoce do câncer de próstata. Os homens que integrarem grupo de risco devem começar seus exames mais precocemente, a partir dos 45 anos.