A campanha do Novembro Azul tem um objetivo bem claro: conscientizar os homens sobre os cuidados com a saúde, especialmente sobre o câncer de próstata. Segundo tipo de câncer mais comum entre os brasileiros, a doença é responsável por cerca de 15 mil mortes ao ano no país. Apesar do perigo que representa, com diagnóstico precoce e tratamento adequado, as chances de cura são muito altas.
A doença
O câncer acomete a glândula prostática, que faz parte do aparelho geniturinário. Essa glândula é responsável por produzir nutrientes para os espermatozoide, as células reprodutoras masculinas. Com o passar do tempo, a próstata passa a sofrer uma série de alterações, sendo comum o crescimento benigno da glândula. No entanto, nesse processo também pode ocorrer o desenvolvimento de nódulos, que podem ser cancerígenos. A partir dos 50 anos, o risco do surgimento de um tumor aumenta.
Incidência
O câncer de próstata é conhecido como uma doença da terceira idade, já que ocorre especialmente em homens acima dos 50 anos. Segundo Ernani Rhoden, chefe do Serviço de Urologia da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre e professor da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), locais com altos índices de expectativa de vida concentram mais casos da doença:
— Estatisticamente, em Porto Alegre há uma taxa de cem a 120 casos por 100 mil homens, a maior do país. As regiões Sul e Sudeste são as que têm maiores incidências.
Casos que precisam ter um acompanhamento mais próximo são de homens com histórico familiar da doença. Rhoden salienta que a doença é mais prevalente em homens negros.
Dieta
O urologista ressalta que a dieta pode ter influência no desenvolvimento da doença. Segundo Rhoden, homens com alimentação hipercalórica, hiperproteica ou que têm o hábito de consumir produtos ultraprocessados podem ter mais propensão ao câncer.
Além disso, a obesidade é um fator relacionado ao surgimento do quadro. O médico ressalta que é uma doença mais concentrada nos países ocidentais e que tem uma relação importante com os hábitos alimentares:
— Asiáticos, por exemplo, têm uma dieta distinta e são a população com menor incidência da doença. Mas asiáticos que se mudam para regiões de alta incidência da doença, após duas ou três gerações, passam a apresentar taxas semelhantes aos dos nativos daquela região.
Sintomas
Nos estágios iniciais, o câncer de próstata não costuma apresentar qualquer tipo de sintoma, podendo levar anos para que se manifeste. Com a doença mais desenvolvida, os pacientes costumam ter dificuldade de urinar, diminuição do jato de urina, necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite e até sangue na urina. Porém, como alguns desses sintomas são comuns com o avançar da idade, é importante o acompanhamento médico para atuar no rastreamento e diagnóstico da doença, que só é confirmada após uma série de exames (PSA e toque retal) e com a análise de uma biópsia.
Tratamento
Conforme Rhoden, com diagnóstico precoce, a taxa de cura a partir de um tratamento adequado é superior a 90%. Em quadros mais avançados, chamados de metastáticos, a atuação médica se limita ao controle da doença e ao tratamento de complicações. Os tratamentos curativos mais comuns são o cirúrgico e o radioterápico. Em alguns casos, o paciente pode ter a doença apenas acompanhada, pois não se desenvolve de forma agressiva.