O vice-presidente de produção e inovação em saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Marco Krieger, reforçou, na manhã desta terça-feira (24), a previsão de começar a vacinação de parte da população brasileira no primeiro trimestre de 2021. Krieger destacou, em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, que a produção dos imunizantes deve ocorrer entre o final deste ano e o início do próximo, com ritmo maior nos meses de janeiro e fevereiro.
— É muito provável que a gente tenha aí o início mais massivo da produção das vacinas, principalmente da Fiocruz, que tem o maior quantitativo já comprometido, em janeiro, fevereiro, liberando aí as primeiras 30 milhões de doses juntamente com registro. O início da vacinação deve ocorrer no final de fevereiro, início de março e aí, gradativamente, durante o ano, nós vamos chegar à totalidade da população brasileira.
Krieger salientou que, nesse primeiro momento da imunização, integrantes do grupo vulnerável, como idosos, pessoas com comorbidades e profissionais de saúde serão os primeiros a receber a vacina.
Crianças e jovens de fora
O dirigente explicou que, no primeiro ano de vacinação, apenas a população adulta deve fazer parte do processo. Por não estarem dentro dos estudos clínicos, crianças e jovens ficam de fora nesse primeiro momento.
A vacina que será produzida pela Fiocruz é resultado de parceria com a farmacêutica AstraZeneca e a Universidade de Oxford. Após a farmacêutica e a universidade anunciarem a eficácia da vacina, a entidade brasileira informou que estima imunizar 130 milhões contra a covid-19 em 2021 — o equivalente a 61% da população brasileira (estimativas mais recentes do IBGE apontam que o Brasil tem cerca de 211 milhões de habitantes)
"Projeto muito estratégico"
Segundo Krieger, o país tem 35 mil salas de vacinação preparadas para operação em nível normal — de acordo com as operações já realizadas no país. O vice-presidente afirmou que o planejamento para a produção da vacina na Fiocruz permite o acesso a um imunizante barato e dentro das condições de logística adequadas à realidade do país:
— Esse conjunto torna esse projeto muito estratégico. Nós teremos uma vacina com preço acessível, com um quantitativo adequado, com uma logística muito boa e que está entre as mais avançadas em termos de sua avaliação clínica.
Krieger também destacou que a imunização de parte da população auxilia na contenção da transmissão ao quebrar a cadeia de infecção:
— A sociedade se protege através da diminuição da transmissão viral, da diminuição da carga viral na população. Então, até as pessoas que não tomam vacina também se beneficiam, porque você altera significativamente a dinâmica de transmissão.
O vice-presidente também reforçou que a vacina produzida pela entidade será totalmente distribuída pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em paralelo, outros imunizantes também poderão figurar na rede privada. Em relação à regulação das vacinas no país, Krieger destacou que qualquer produto aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) será seguro e eficaz e que qualquer evento adverso na fase de estudos tem de ser avaliado, afastando a ideia de possível politização nas ações da Anvisa.