Um estudo brasileiro publicado nesta sexta-feira (4) na revista científica The Lancet concluiu que não há evidências que comprovem o benefício do uso da azitromicina em pacientes diagnosticados com covid-19.
Esse antibiótico contra infecções bacterianas é hoje o mais usado em pacientes que contraíram o coronavírus. Ele faz parte do chamado kit covid, distribuído em alguns municípios brasileiros, com apoio do governo federal, como parte de um tratamento não comprovado cientificamente para prevenção contra a doença.
A pesquisa é assinada por oito instituições que colaboraram no estudo: Hospital Israelita Albert Einstein, HCor, Sírio-Libanês, Hospital Moinhos de Vento, Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Beneficência Portuguesa de São Paulo, Brazilian Clinical Research Institute (BCRI) e Rede Brasileira de Pesquisa em Terapia Intensiva (BRICNet).
O estudo, que teve aprovação da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para os procedimentos científicos, iniciou em 28 de março e analisou 447 pacientes. Destes, 397 testaram positivo para o coronavírus.
Todos os pacientes estavam em estado grave, apresentavam pelo menos um fator de risco e metade deles utilizava ventilação mecânica. Após sorteio, foram administradas por 10 dias 500 mg de azitromicina em 214 pacientes, além do tratamento padrão. Outros 183 pacientes tiveram ministrados apenas o tratamento padrão, sem o antibiótico.
Os resultados foram acompanhados durante 29 dias e, nesse período, não foram constatadas diferenças significativas no quadro clínico dos dois grupos avaliados. O tempo médio de internação foi de 26 dias para os tratados com azitromicina e 18 dias para o tratamento padrão. Já a taxa de morte entre os dois grupos permaneceu similar, 42% para quem recebeu o antibiótico contra 40% entre os que não tomaram o medicamento.