A ocupação de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) por pacientes com coronavírus em Porto Alegre nesta quinta-feira (27) é a menor em um mês. Havia 302 pacientes com covid-19 em tratamento na cidade – no dia anterior, eram 331.
Para atender todos os pacientes da cidade e de outros municípios, a capital gaúcha dispõe, hoje, de 857 leitos intensivos. O município vem conseguindo, nos últimos dias, manter certa distância de uma perigosa ocupação de 90%. Nesta quinta, era de 85,8%.
O menor patamar de uso de UTIs por coronavírus desde 29 de julho ocorre após as estatísticas darem um pequeno salto na quarta-feira (26), quando o Hospital Conceição inseriu 15 novos pacientes em meio a confusões na metodologia.
O crescimento pontual não mudou, contudo, o grande quadro: a média móvel de internações na última semana caiu 2,6% em relação à de duas semanas atrás. O pico das internações em Porto Alegre aconteceu em 13 de agosto e, a partir de então, o cenário é de estabilidade na procura por atendimento, apontou estudo de pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
— É uma boa notícia. Não foi como em outros lugares do mundo. Aqui, quem precisou de leito de UTI, teve. Mas as projeções futuras são baseadas no comportamento atual. Se o distanciamento diminuir e não forem tomados os devidos cuidados de higiene, o número de hospitalizados pode voltar a subir. Só a vacina vai nos dar uma segurança maior — afirma o pesquisador Cristiano Hackmann, professor de Matemática da UFRGS e um dos autores do estudo.
O secretário-adjunto da Saúde de Porto Alegre, Natan Katz, reforça que variações em poucos dias são normais e que a prefeitura também entende que a procura por UTIs está estabilizada.
— Quando flexibilizamos as atividades nas últimas semanas, as pessoas não voltaram para a rua no mesmo afã de maio. É um ponto positivo para a maior conscientização. A população está mais resguardada, e a cidade demora também um pouco a voltar. Pelo que acompanhamos de mobilidade, não nos parece que vai ter uma alteração importante nas UTIs nos próximos dias — afirmou Katz, que é médico epidemiologista.
O comentário do secretário-adjunto da Saúde ocorre porque médicos e empresários olham com ansiedade para as estatísticas do uso de UTI em Porto Alegre. Um possível aumento nas internações é esperado como resultado da abertura do comércio no pré-feriado de Dia dos Pais.
Por outro lado, a ocupação, apesar de estável, é alta, alerta a médica epidemiologista do Hospital de Clínicas Jeruza Neyeloff.
— Estamos chegando a uma estabilização, mas ainda em patamar muito elevado de demanda. Que bom que a necessidade não sobe, mas é um desafio seguir assim por semanas ou meses, em um platô longo, com a provável demanda adicional ocasionada pela flexibilização das atividades — diz Jeruza.