O número médio de pacientes com diagnóstico de covid-19 em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) se manteve estável ao longo dos últimos sete dias em Porto Alegre, mas em um patamar elevado.
A média diária de doentes hospitalizados ficou em 318 nesse período — 0,3% abaixo do registrado na semana anterior. Especialistas avaliam que o fato de as internações não apresentarem tendência de crescimento é positivo, mas demonstram preocupação com a persistência de níveis altos de ocupação.
A quantidade de pacientes com coronavírus chegou a 302 na quinta-feira (27), cifra mais baixa observada em um mês, mas a posterior confirmação de casos suspeitos voltou a elevar essa conta. Nos dias seguintes, os registros ficaram em 327 na sexta (28), 325 no sábado (29) e 327 na tarde deste domingo (30). O "teto" de vagas previstas para a pandemia na Capital é de 383.
O secretário-adjunto da Saúde do município, Natan Katz, considera que variações como as vistas nas últimas semanas são estatisticamente pouco significativas. O epidemiologista e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Paulo Petry avalia que, apesar desse aparente equilíbrio, os hospitais vêm trabalhando há bastante tempo em nível de "sobrecarga":
— Quando os níveis de ocupação superam 80%, já é um patamar alto. Faz muitas semanas que estamos oscilando ao redor de 90%, o que gera desgaste nas equipes de saúde. Não é um colapso, quando não há mais condições de atender a todos, mas é uma sobrecarga — avalia Petry.
No domingo, a taxa geral de ocupação nas UTIs da Capital estava em 89,5% no final da tarde. Infectologista do Hospital Conceição, André Luiz Machado da Silva também valoriza o fato de as internações terem interrompido uma escalada vista a partir de junho, mas teme o fato de a quantidade de pessoas em estado grave estar próxima da capacidade do sistema de saúde.
— Uma nova variação poderia atingir o nosso limite. E vemos que o número de hospitalizações em enfermarias, onde até 20% dos casos podem precisar de UTI, até o momento não indica tendência de queda — observa Silva.
Por isso, o infectologista recomenda que a população mantenha o distanciamento social e siga as normas de higiene para evitar que a atual estabilidade dê lugar a uma nova escalada.