O presidente do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), Jorge Callado, falou ao Timeline Gaúcha desta sexta-feira (14) sobre o acordo com a Rússia para a produção de uma vacina contra o coronavírus. Um memorando de entendimento para o desenvolvimento do imunizante foi firmado na quarta-feira (12) com o país.
— A base deste acordo é uma transferência de tecnologia para o Paraná. Não podemos apenas ser repassador de um produto pronto. Neste primeiro momento, em que as tratativas serão iniciadas, estamos alinhavando. Temos que formar um dossiê junto com a Rússia para submeter a Anvisa. Para que se possa buscar a validação — explica o presidente da Tecpar.
De acordo com Callado, está sendo organizada as tratativas técnicas com estudiosos russos responsáveis por liderar os estudos da vacina. A imunização em questão foi desenvolvida pelo Instituto Gamaleya. Na terça (11), o presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou que a vacina havia recebido aprovação regulatória do Ministério da Saúde do país. Esse é o primeiro registro de uma vacina contra o coronavírus feito no mundo.
O anúncio do governo russo gerou desconfiança na comunidade científica. Nenhum resultado dos estudos que levaram ao desenvolvimento da imunização foi publicado em periódicos especializados até o momento.
Callado explica que, para obter a aprovação da Comissão Nacional de Ética e Pesquisa e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), um dossiê será preparado nos próximos 20 dias, a partir das informações obtidas com a Rússia, contendo o detalhamento do desenvolvimento da vacina — que passa por três estágios até obter a comprovação de eficácia. A vacina russa está na fase 3, que abrange a etapa de testagem.
— Para submeter a Anvisa, nós temos que ter a documentação das fases. O momento é de contribuição, cautela, e eu espero que na Rússia os testes sejam positivos porque existem regras regulatórias russas e nós temos as brasileiras também — diz Callado.
— A ansiedade é de todos nós. Mas a segurança deve estar a frente de tudo. De repente, faz um processo e pode não ter resultados esperados. Lembrando que ninguém no mundo tem a vacina — completa.
Após a liberação, o presidente do Tecpar não exclui a possibilidade de que as primeiras unidades de vacina sejam compradas da Rússia antes da produção do imunizante em território brasileiro. A logística, colaboração com o governo do Paraná, o parceiro russo e o ministério da Saúde, deve ficar para depois da comprovação da eficácia.
— Se formos comprar os primeiros lotes (da vacina pronta), existe a compra com preço a ser definido. Mas o principal é que tem investimento por parte do parceiro russo e vamos buscar apoio junto ao governo federal. O ministério está em contato conosco. A intenção é que o investimento do Paraná seja feito de forma conjunta. Mas se for feita uma compra direta, aí é do Paraná.