Diferentemente do que alguns dirigentes de hospitais têm alertado, o diretor de regulação da Secretaria Estadual de Saúde (SES), Eduardo Elsade, afirma que o Rio Grande do Sul ainda não está próximo de um colapso no sistema público de saúde.
Em entrevista ao Gaúcha Atualidade, nesta quarta-feira (22), Elsade rebateu a fala do gerente de risco do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Ricardo Kuchenbecker. Um dia antes, o médico sugeriu que a cidade está perto de ter que decidir quais pacientes terão acesso a leitos e quais não terão.
— Eu não diria que está muito distante (do colapso), eu diria que a gente ainda tem muita alternativa para usar antes de falar em colapso e antes de falar que médicos terão que fazer escolhas. A gente tem ainda muitas escolhas técnicas — rebateu Elsade.
O diretor diz não poder garantir que não será necessário que os médicos façam a chamada "escolha de Sofia". Destacou, no entanto, que este ainda não é o cenário gaúcho:
— Neste momento, não é este o quadro. Eu gostaria de poder descartar essa possibilidade categoricamente. Eu acredito que não vai acontecer, mas ninguém tem previsibilidade suficiente para garantir que não vai acontecer. Não é este o quadro no momento. A gente espera dar opções para todos profissionais terem tranquilidade de tratar seus pacientes, sabendo que as estruturas serão suficientes para garantir acesso. (...) A escolha será quando a gente tiver que escolher determinados pacientes e os outros não terem acesso, não terem alternativa, daí se pode falar em necessidade de opção.
A Central de Regulação de Leitos é responsável por decidir para onde os pacientes serão encaminhados em caso de necessidade de vagas em UTI. Os médicos reguladores fazem opções técnicas pelos hospitais que têm o suporte necessário a cada paciente — o que, na opinião de Elsade, "salva muitas vidas", diferente do que ocorreu em outros lugares do mundo.
O Estado criou 697 leitos de UTI durante a pandemia e deve chegar a mil até a metade de agosto. Segundo o diretor de regulação, o governo optou por investir, prioritariamente, em sua rede hospitalar, em vez de construir hospitais de campanha.
— Quando a gente fala em UTI improvisada, é na fase em que se usou todos os recursos do SUS e do sistema privado. Isso aconteceu em alguns lugares do mundo e é uma alternativa (para a qual) todos os hospitais estão preparados em seu plano de emergência. Mas não é uma alternativa com a qual a gente conta, a não ser em caso pontual de hospital com seu bloco cirúrgico desativado, como foi o caso de alguns hospitais que a gente reabriu. A não ser em situações pontuais, essa não vai ser uma política que a gente vai escolher e nem conta com ela — garantiu.
Em caso de necessidade, o Estado poderá contratar leitos privados, além de usar estruturas improvisadas em alas que não são de terapia intensiva. No entanto, a avaliação por ora é de que este não é o cenário do Rio Grande do Sul – segundo a plataforma da SES, a taxa de ocupação nas UTIs chegava a 77,9% nesta manhã.