A trabalho em um dos países que mais tiveram efetividade no combate ao coronavírus, o médico gaúcho Marcelo Cypel detalhou, em entrevista ao Gaúcha Atualidade desta terça-feira (28), o trabalho das autoridades e a situação do Canadá durante a pandemia. Referência em transplante pulmonar, o médico destacou a importância de se atentar não apenas para medidas restritivas, mas também para a forma do que se chama de "volta ao normal".
— Tão importante quanto o fechamento, é como você reabre. Muito das falhas que pode ter tido aí (no Brasil) pode ter a ver com a abertura. Para ter abertura, tem que estar na parte de queda da curva (de contágio) — avaliou.
Cypel, que atualmente mora e trabalha em Toronto, explica que a reabertura das atividades no Canadá começou após o pico da doença e foi divida em três fases. Na primeira, que teve início em maio, incluiu restaurantes no sistema "pague e leve" e lojas que foram abertas somente para retirada das compras. Na fase 2, os restaurantes abriram com mesas na rua, respeitando o distanciamento.
Ainda na fase 2, segundo o médico, as áreas comuns começaram a ser abertas, mas havia círculos no chão para manter o distanciamento. As pessoas deveriam desenvolver as suas bolhas de contato, que eram delimitadas a 10 pessoas, e o uso de máscara é obrigatário por lei. O Canadá atualmente está na fase 3 de reabertura, o que significa quase tudo de volta ao "normal", mas Cypel cita uma questão importante:
— Estamos levando uma vida quase normal, mas de forma muito cuidadosa.
Segundo o médico gaúcho, "a população acolheu esta ideia (de medidas de distanciamento) muito bem". "Ninguém fazia atividades sociais", o que resultou no achatamento da curva de contágio. Para ele, "não adianta ter as medidas e a população não aderir".
— O pessoal fala da questão econômica, e obviamente a pandemia causou danos severos. O maior culpado é o vírus. Com a sociedade doente, a economia não funciona também. (...) O impacto é severo no período, mas, se abre tudo, o surto é incontrolável — destaca.