Os efeitos do coronavírus continuarão "sendo sentidos nas próximas décadas", afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, durante a quarta reunião do Comitê de Emergência nesta sexta-feira (31), seis meses depois do surgimento da pandemia.
— Essa pandemia é uma crise de saúde que só se vive uma vez por século e seus efeitos serão sentidos por décadas — disse o diretor da OMS.
O coronavírus já matou cerca de 675 mil pessoas e infectou ao menos 17,3 milhões em todo o mundo desde que apareceu na China, em dezembro passado, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais.
O Comitê, composto por 18 membros e 12 conselheiros, pode propor novas recomendações ou revisar algumas. No entanto, não há dúvida de que a situação de emergência internacional continuará em vigor.
Quando a OMS decretou o alerta mundial em 30 de janeiro, já havia ao menos cem casos fora da China, embora ainda não houvesse mortes registradas fora desse país, explicou o diretor da organização, defendendo a instituição.
A OMS foi amplamente criticada por adiar o decreto do estado de emergência depois que o novo coronavírus foi percebido pela primeira vez na China.
Os Estados Unidos, que acusaram a organização de ser uma "marionete" manipulada pela China, e até de ter sido "comprada" por esse país, começaram sua retirada da instituição em julho.
A OMS também foi criticada por recomendações consideradas tardias ou contraditórias, principalmente em relação ao uso de máscaras ou sobre as formas de transmissão do vírus.
— Muitas questões científicas foram resolvidas, mas ainda há outras a serem respondidas — ressaltou o diretor da OMS.
— Os primeiros resultados de estudos sorológicos mostram um quadro consistente: a maioria da população permanece suscetível a esse vírus, mesmo em áreas onde ocorreram surtos muito fortes — acrescentou.
— Muitos países que acreditavam ter passado pelo pior estão voltando a enfrentar surtos. Alguns que foram menos afetados nas primeiras semanas tiveram aumento de casos e mortes. E outros que tiveram surtos fortes conseguiram controlá-los — afirmou.
— À medida que o desenvolvimento da vacina progride em tempo recorde, precisamos aprender a conviver com esse vírus e a lutar com as armas que temos — finalizou Ghebreyesus.