A contaminação pelo coronavírus entrou na 14ª semana sem estar controlada no Brasil, mostram cálculos do centro de controle de epidemias do Imperial College, um dos principais do mundo. Desde a semana de 27 de abril, o país tem taxa de contágio acima de 1, o que significa que a transmissão está se acelerando.
Na semana que começou neste domingo (26), o índice — também chamado de Rt — subiu de 1,01 para 1,08. Isso quer dizer que cada 100 infectados por coronavírus no Brasil contaminam outros 108, que por sua vez infectam mais 116,6 e assim sucessivamente, ampliando o alcance da doença.
Dos 25 países que apresentavam transmissão sem controle no começo de maio, 13 controlaram o contágio. Na América do Sul, estão nesse grupo o Chile, que reduziu o Rt para 0,91, e o Equador, que está com 0,9 — nesses dois países, cada 100 habitantes infectam outros 90, que passam o coronavírus para 81, depois 73, desacelerando a expansão da doença.
Além do Brasil, Argentina (1,42), Colômbia (1,26) e Peru (1,04) apresentam transmissão acelerada nos últimos quatro meses no continente. Bolívia e Venezuela têm Rt de 1,16, mas estão há menos tempo sem conseguir controlar o contágio: na última semana, apresentavam índices de 0,9 e 1, respectivamente.
Especialistas em epidemias têm ressaltado que, como o Brasil é grande e diversificado, a velocidade da transmissão pode variar bastante de acordo com a região, como mostra o acompanhamento dos casos feito pelo jornal Folha de S.Paulo: nesta quarta (29), eram 12 Estados com contágio acelerado, 12 em transmissão estável, dois desacelerados e um reduzido.
Há duas semanas, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que o Rt brasileiro varia, geograficamente, de 0,5 a 1,5.
O Imperial College calcula a taxa com base no número de mortes reportadas, dado menos sujeito a subnotificações. Como há uma defasagem entre o momento do contágio e a morte, mudanças nas políticas de combate à epidemia levam em média duas semanas para se refletirem nos cálculos.
Segundo as estimativas do centro britânico, o Brasil ainda é o país que terá o maior número de mortes por coronavírus nesta semana, 8.120, uma alta em relação à semana passada. Na Índia, são esperados 6.610 óbitos, e no México, 5.080 (os Estados Unidos não entram no relatório, pois seus dados são calculados por Estado, em estudo à parte).
Com base nos óbitos relatados, o Imperial College estima também que o número de casos de contágio no Brasil seja cerca do dobro dos registrados.