Com a ausência de um medicamento específico para o tratamento da covid-19, o uso de certas substâncias ainda em fase de avaliação gera polêmica no debate sobre a crise sanitária. Integrante de um grupo de pesquisa que analisa possíveis tratamentos para a doença, o médico intensivista Regis Goulart Rosa, do Hospital Moinhos de Vento, esclarece os estudos com base na aplicação de hidroxicloroquina e da azitromicina no combate aos sintomas da covid-19 em casos graves. Rosa é um dos entrevistados da série multimídia As Respostas da Ciência.
— Esses medicamentos mostraram, em fase pré-clínica, em estudos com animais ou até em estudos clínicos com reduzido número de participantes, que têm potencial de reduzir a replicação do vírus — explicou o pesquisador.
Destacando que essas aplicações precisam de uma ampla pesquisa, Rosa também destaca que a hidroxicloroquina pode causar alguns efeitos colaterais graves, como arritmia cardíaca e cegueira. Segundo o médico, essas adversidades são raras, mas podem evoluir para outro patamar em casos de utilização em larga escala.
— Imagina em um contexto populacional onde todas as pessoas começam a tomar a hidroxicloroquina, porque a pandemia realmente se alastrou e se tornou muito frequente. Então, aqueles eventos que eram raros, por uma questão epidemiológica e probabilística, começam a se tornar muito frequentes. Então, a gente acaba trocando uma pandemia viral por uma pandemia de eventos adversos — afirma.
O pesquisador também destaca o que se sabe sobre esse tipo de tratamento até o momento e explana o seu entendimento sobre a validade da aplicação desses fármacos, de maneira controlada, em pacientes com casos mais graves da doença.