A empresária de Erechim Marines Claudia Zanella Emanuele, 56 anos, acredita ter sido contaminada pelo marido. Segundo ela, o companheiro esteve no Gre-Nal da Libertadores da América, na Arena, em 12 de março, e teve contato com os dirigentes gremistas que mais tarde testariam positivo para a covid-19. Poucos dias depois, os primeiros sintomas apareceram:
— Eu comecei a sentir mal-estar, dor no corpo, tremores de frio. Aí eu fui ver e estava com um pouco de febre.
O que começou a lhe preocupar foi uma dor de cabeça muito forte. Foi então que buscou atendimento médico em uma emergência, mas teve como resposta que era apenas uma gripe e que precisaria tomar antitérmico e ficar em casa.
— Eu fiquei 10 dias tomando antitérmico em casa, mas a dor de cabeça não passava. Perdi o paladar e o olfato, comecei com coriza, dor no corpo, bastante dor de cabeça e continuei com febre — recorda.
Como o quadro foi se agravando, com dores no peito e dificuldade para respirar, buscou novamente a emergência, quando foi constatada, após exames de imagem, pneumonia. Conta que ficou na ala isolada da instituição destinada a pacientes com coronavírus e começou o tratamento, permanecendo internada por cinco dias.
— Eu tomei azitromicina, tamiflu, cloroquina. Estava com pneumonia e com coronavírus — ressalta, ao lembrar que o primeiro teste deu negativo para o vírus, mas o segundo confirmou a contaminação.
O marido e a filha fizeram o teste e o resultado foi que também estavam contaminados.
— Porém, meu esposo teve no máximo dois dias de dor no corpo. E minha filha teve dor de cabeça e uma mínima diarreia, só. Só eu, da casa, tive que ser internada — relata.
A empresária conta que sentiu medo da morte e tristeza durante o isolamento:
— O que mais me apavorava era o medo. O medido do desconhecido, o medo de morrer. Eu sou humana. Eu tenho medo, mesmo, de morrer. O isolamento. Porque essa doença te isola. Ela te deixa sozinha.
Assim como Marines, a família está curada. Ela conta que se apegou muito à fé durante os dias de isolamento no hospital. Como mensagem, reforça a necessidade de cautela.
— Todas as pessoas têm que usar máscaras. Foi conversando, através das gotículas, que eu peguei — cogita.
Marines gosta de dizer que esteve dos dois lados: de contaminada e de empresária que precisou fechar as portas para evitar a disseminação da doença e, consequentemente, teve prejuízos financeiros. Admite não ter uma posição firmada sobre a necessidade de isolamento. Mas uma coisa ela tem certeza: não quer passar nunca mais por algo semelhante.
— O medo me deixou transtornada. Eu fiquei com traumas psicológicos que vão demorar para passar — lamenta.