A estudante de Medicina Kadja Ferraz Campara, 30 anos, estava em São Paulo, em março, fazendo estágio quando os casos de coronavírus começaram a crescer. Ficava lotada no setor de Otorrinolaringologia, unidade à qual os pacientes costumavam recorrer ao apresentarem sintomas respiratórios.
— Isso foi no início de março. Não sei exatamente quando foi o meu contágio. Muito provavelmente possa ter sido no ambiente hospitalar, mas também não posso afirmar que não tenha sido nas atividades diárias, no convívio diário nas ruas — destaca a estudante, que lembra que, na oportunidade, São Paulo ainda não tinha restrições sanitárias mais severas.
No meio de março, o responsável pelo hospital onde Kadja fazia estágio decidiu afastar os acadêmicos por perceber os riscos. Assim, a estudante de Medicina decidiu antecipar o voo e retornar ao Rio Grande do Sul, ficando em quarentena, já que São Paulo era o epicentro de casos e essa era uma cautela necessária. Mas logo na chegada os primeiros sintomas começaram.
— Durante o terceiro dia em que eu estava isolada em Porto Alegre já comecei a manifestar (os sintomas). Foi febre de 38ºC e diarreia no primeiro dia — lembra.
Nos seis dias posteriores, a febre chegou a 37,5ºC, não precisando tomar medicação, segundo ela. No oitavo e nono dias, a febre voltou a 38ºC. A estudante conta que durante esse período teve muito cansaço, falta de apetite, dor no corpo, perda de olfato e tosse. No décimo dia decidiu procurar atendimento médico.
— Nunca tinha sentido nenhum sintoma parecido. Mesmo em resfriados, a febre e a dor no corpo eram muito mais leves — compara a estudante.
Feita a tomografia em um hospital da capital gaúcha e com os sintomas manifestados, foi diagnosticada com a covid-19, permanecendo internada por seis dias e sendo liberada após a constatação da recuperação.
— Recomendo que as pessoas que podem ficar em casa, fiquem. Ninguém sabe em quem a doença pode ser mais grave. Eu, por exemplo, sou uma pessoa saudável, e acabei precisando da internação. Outras pessoas jovens também precisaram. Não subestimem a doença, não subestimem o contágio — conclui a estudante de Medicina, que depois de curada voltou para sua cidade, Lajeado.