Morador de Santa Maria, Valnei Beltrame, 57 anos, esteve no início de março em uma grande feira de materiais de construção da América Latina, em São Paulo, Estado que já registrava casos de coronavírus. Poucos dias depois de retornar ao Rio Grande do Sul, foi ao Gre-Nal da Libertadores da América, ocorrido em 12 de março, na Arena, encontrando dirigentes gremistas que mais tarde testariam positivo para a covid-19. Uma semana depois, começou a sentir dor de cabeça e febre.
— Ao falar (por telefone) com um médico amigo meu, tossi duas vezes. Ele me disse: "Tu tens essa tosse há muito tempo?". Eu disse: "Não, começou hoje". Aí ele me disse que era bom eu verificar — recorda.
Diante da sugestão do amigo médico, buscou atendimento do convênio para realizar o teste de coronavírus. Colhido o material, ficou isolado em casa até receber o resultado, que levou oito dias para ficar pronto. Mas o quadro começou a se agravar. Foi aí que decidiu ir ao hospital. A primeira medida foi o exame de tórax.
— O meu pulmão estava muito comprometido. Aí eles juntaram umas substâncias e me deram. Antes de eu tomar, a febre foi a 40ºC. Eu não estava conseguindo aguentar, estava com panos molhados no rosto, no corpo, porque a febre estava altíssima — lembra o empresário.
Após cinco doses de hidroxicloroquina, diz que já estava bem melhor e, em seguida, recebeu alta. Apesar de curado, ainda luta para recuperar seu sistema respiratório.
— Não posso exagerar em algum exercício ou alguma caminhada dentro da empresa, me falta ar. Eu andei de bicicleta no final de semana, porque estava acostumado a fazer 50 quilômetros. Não consegui andar 15, começou a me faltar ar — lamenta.
Beltrame relata que voltou ao hospital para fazer novos exames de imagens, mas que os resultados não foram os esperados.
— Eles (os pulmões) ficaram muito necrosados e com muitas placas inflamatórias. Então, agora eu tenho que acompanhar por 60 dias para ver se estão se recuperando.
Beltrame alerta para os cuidados necessários:
— Não brinquem com a doença, porque ela é silenciosa. Ela chega silenciosa e vai embora silenciosa. Mas ela deixa a gente muito abalado.
A esposa de Beltrame também foi contaminada, e precisou ficar cinco dias internada, mas agora passa bem e também está curada.