A imunidade adquirida ou não após a infecção pelo coronavírus é uma das perguntas centrais no debate atual da pandemia, ainda sem muitas respostas. Um estudo com 1.343 pessoas de Nova York, nos Estados Unidos, que tiveram covid-19 traz o que parece ser uma boa notícia: a maior parte das pessoas infectadas e analisadas desenvolveu anticorpos.
O estudo, financiado pelo Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (Niaid, na sigla em inglês) e ainda não revisado por pares, analisou 1.343 pacientes com covid-19 confirmada em testes ou com sintomas autodeclarados da doença. Praticamente todos tiveram sintomas de leves a moderados e só 3% tiveram que ir a um pronto-socorro.
Dos 1.343 pacientes, 624 tiveram confirmação da covid-19 por teste PCR (método mais preciso). Nesse grupo, 511 tinham altos níveis de anticorpos presentes (o que os tornava também possíveis doadores de plasma sanguíneo para pacientes ainda afetados pelo novo coronavírus, uma opção terapêutica em estudo), 42 tinha níveis fracos e em 71 não foram detectados os anticorpos.
Já entre os 719 pacientes sem confirmação por testes de covid-19, 250 apresentavam altos níveis de anticorpos, 19 tinham níveis fracos e 436 deram negativo para a presença deles. Segundo os pesquisadores, isso indicaria que essas pessoas na verdade não estavam infectadas, e que os testes de detecção de anticorpos falharam ou que não houve tempo suficiente para uma resposta imune.
Os cientistas responsáveis pela pesquisa afirmam que os resultados não permitem afirmar que haja imunidade após a infecção pelo Sars-CoV-2, mas que, pelo que se conhece sobre outros patógenos, é possível que as pessoas que já ficaram doentes criem algum nível de proteção contra o vírus.
Também observaram que a resposta de anticorpos no corpo demora de sete a 50 dias para ser detectada após o início dos sintomas. Os cientistas vão acompanhar os níveis de anticorpos dos participantes do estudo por seis meses para ver a duração dessa resposta imune.