Após a indicação do general Eduardo Pazuello para ocupar o posto de número 2 do Ministério da Saúde, o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) vem ampliando a participação de militares na pasta.
Nesta quarta (6), o ministro Nelson Teich nomeou mais cinco pessoas de origem militar para cargos de coordenação e direção no ministério. Eles devem assumir funções na secretaria-executiva, sob comando de Pazuello. As nomeações foram publicadas em edição extra no Diário Oficial da União.
Entre os nomeados está Paulo Guilherme Ribeiro Fernandes, que é tenente-coronel do Exército e irá assumir o cargo de coordenador-geral de planejamento.
Também foram nomeados Reginaldo Ramos Machado, para diretor do Departamento de Gestão Interfederativa e Participativa, e Jorge Luiz Kormann, como diretor. Ambos têm histórico de formação militar.
Outros dois nomes são Marcelo Blanco da Costa, que é ligado ao Exército e deve assumir o cargo de assessor do Departamento de Logística em Saúde, área responsável por compras na pasta, e Emanuella Almeida Silva, que será coordenadora de pagamento de pessoal e contratos administrativos.
Incomodado com o protagonismo que Luiz Henrique Mandetta teve no início da crise do coronavírus, Bolsonaro decidiu escalar militares para que a gestão da pandemia seja compartilhada. A argumentação é de que Teich assume o ministério em meio à crise e não tem experiência em gestão pública e no governo. Além disso, o presidente defende que as ações governamentais extrapolam a Saúde e são coordenadas pela Casa Civil, comandada pelo general Walter Braga Netto.
Novos nomes
As nomeações ocorrem uma semana após Pazuello ser oficializado como secretário-executivo. Ex-coordenador da Operação Acolhida, de atendimento a imigrantes venezuelanos, o general teve seu nome indicado por outros ministros generais e o convite foi formalizado por Bolsonaro para ocupar a função.
Na última quinta (30), o governo já havia publicado a nomeação do coronel do Exército Antonio Elcio Franco Filho como secretário-executivo adjunto de Pazuello. O coronel foi secretário estadual de Saúde de Roraima entre abril e junho de 2019, na gestão de Antonio Denarium (PSL), um dos principais aliados de Bolsonaro. Ele tem graduação e mestrado em ciências militares.
Até o momento, além de Pazuello, apenas mais um secretário já foi confirmado: o médico e biofísico Antônio Carlos Campos de Carvalho, que deve ocupar o secretário de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde. Professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ele já havia sido diretor do departamento de ciência e tecnologia da mesma secretaria entre 2013 e 2015.
Outros dois secretários devem ser mantidos nos cargos, segundo a reportagem apurou. Entre eles está a secretária de Gestão em Trabalho na Saúde, Mayra Pinheiro, que confirma a permanência. Embora tenha sido indicada ao cargo na gestão de Mandetta, Pinheiro era de um grupo mais afastado do ex-ministro. Atual secretário especial de Saúde Indígena, o coronel da reserva do Exército Robson Santos da Silva também deve continuar na equipe. A reportagem não conseguiu contato com Silva.