Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade nesta quinta-feira (23), o prefeito de Passo Fundo, Luciano Azevedo, disse que não sabe o que está ocorrendo na cidade, que registrou na noite de quarta a sexta morte por coronavírus desde o começo da pandemia. Ele também cobrou mais atenção do governo do Estado.
— Estamos tentando entender o que está acontecendo. Ninguém tem uma resposta para isso. Porque os procedimentos são rigorosamente os mesmos da maioria das cidades do mesmo porte no Rio Grande do Sul.
Segundo o prefeito, um dos fatores que podem estar influenciando os números é que o sistema de saúde da cidade recebe gente de aproximadamente "200 municípios".
— E continuamos atendendo durante a pandemia — diz.
Azevedo garante que não faltam leitos ou profissionais de saúde. Ressaltou que Passo Fundo é a "única cidade do Interior com três faculdades de Medicina". Porém, pediu que o governo do Estado olhe mais para a região.
— O Estado não é só Porto Alegre. Se morreram 10 em Porto Alegre e seis aqui, algo está acontecendo aqui que merece atenção do governador, da secretaria de saúde. Porque estamos a 300 quilômetros de Porto Alegre, com a imensa responsabilidade de atender 1,5 milhão de pessoas.
O político disse ainda que o governo precisa "tentar compreender o que está acontecendo numa região que é importantíssima".
— Tem que saber o que acontece em Marau, onde tem quase 200 pessoas em isolamento. Isto é um número que chama a atenção. E precisamos também de recursos. Alguns dias atrás eu fiz contato com uma empresa, que tem sede em Passo Fundo, e já doou alguns milhões ao Instituto Floresta. Mas onde esses recursos serão aplicados? Prioritariamente na Capital. Essa é a reclamação de dezenas de prefeitos.
O prefeito ainda destacou a necessidade de informações sobre possível subnotificação dos óbitos por coronavírus. Essa resposta, de acordo com ele, "é fundamental para tranquilizar a população, pois temos explicação para dar".
Também no Atualidade, a secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann, garantiu que Passo Fundo "é um polo de suma importância na gestão dos serviços de saúde, especialmente na formação da assistência hospitalar", e que o governo age a partir de informações coletadas no Estado inteiro. Para ela, contudo, "cabe a cada município" adotar medidas que ajudem no combate à pandemia.
– O Estado dá a regra geral, faz uma orientação geral. O papel do Estado não é regrar especificamente um município a ou b – disse a secretária. – Em Passo Fundo, temos um surto originado em uma empresa, assim como em Lajeado. Teremos que avaliar pontualmente o que está acontecendo.
De acordo com a secretária, a circulação do vírus vai acontecer com maior velocidade em algumas regiões, e o governo reforçará as medidas sanitárias necessárias para que se volte a achatar a curva de transmissão.
Arita destacou medidas de ajuda a Passo Fundo, como a liberação de leitos, e reforçou que o Hospital de Clínicas da cidade passará a receber uma verba extra nos próximos dias.
Mortes na quarta-feira em Passo Fundo
Uma mulher de 73 anos é a sexta vítima de coronavírus em Passo Fundo, no norte do Rio Grande do Sul. De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde (SES), ela tinha doenças crônicas cardiovascular, respiratória e diabetes, e estava hospitalizada no Hospital São Vicente de Paulo, na cidade. Foi a segunda morte no município registrada na quarta-feira (22).
No mesmo dia, a SES informou a morte de um homem de 88 anos que sofria de hipertensão e estava internado no Hospital de Clínicas do município desde 18 de abril. Com isso, o número de óbitos no Estado chegou a 29.
Segundo o último boletim epidemiológico, Passo Fundo registrou 15 novos diagnósticos, totalizando 58 casos no município. A cidade fica atrás apenas de Porto Alegre, que tem 401 casos e 10 mortes.