O primeiro estudo populacional - de quatro que serão realizados no Estado - para verificar a prevalência da covid-19 entre os gaúchos não foi concluído no final de semana.
A expectativa dos pesquisadores era de fazer os testes rápidos e aplicar questionários em 4,5 mil pessoas sorteadas aleatoriamente, em nove cidades. A principal dificuldade para a conclusão do trabalho foi o receio das pessoas em deixarem os entrevistadores entrarem nas residências. Porto Alegre é a cidade em que houve mais problemas.
No sábado, 1,5 mil coletas foram realizadas. No domingo, mais cerca de 850 visitas tinham sido feitas até as 17h. A meta é concluir o trabalho nesta segunda-feira (13). Se isso se confirmar, os primeiros resultados devem ser anunciados pelo governo do Estado, que encomendou a pesquisa inédita, na quarta-feira (15). O trabalho, coordenado pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), revelará, com base em amostragem, qual percentual de infectados há no Estado, em que velocidade a infecção está se alastrando e qual percentual de infectados que não desenvolvem sintomas.
A partir disso, será possível verificar qual a letalidade real da doença e quantos infectados vão precisar de atenção hospitalar importante, com internação em UTI e uso de respiradores. Tudo será usado para orientar ações pelo poder público. A pesquisa testará 18 mil pessoas a um custo de R$ 1 milhão.
O teste aplicado utiliza uma amostra de sangue da ponta do dedo do participante, que é analisada pelo aparelho de teste em cerca de 15 minutos. Os entrevistadores fazem um breve questionário sobre informações sociodemográficas básicas, sintomas da covid-19 nas últimas semanas, busca por assistência médica e rotina da família em relação às medidas de prevenção e isolamento social. Quem testa positivo recebe orientações e depois, é procurado pela rede de saúde. As próximas etapas, ouvindo 4,5 mil pessoas em cada, serão realizadas em intervalos de quinze dias, com inícios previstos para 25 de abril, 9 de maio e 23 de maio.
O estudo, coordenado pela UFPel, conta com o apoio do Ministério da Saúde e a parceria de outras dez instituições de ensino superior pública e privadas: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Universidade de Santa Cruz do Sul, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, Universidade Federal de Santa Maria, Universidade Federal do Pampa (Unipampa/Uruguaiana); Universidade de Caxias do Sul, Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS/Passo Fundo) e o IMED Passo Fundo.
O estudo inédito está sendo financiado pela Unimed Porto Alegre, Instituto Cultural Floresta, também da capital, e Instituto Serrapilheira, do Rio de Janeiro.